Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
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14 de abr. de 2015
3 de out. de 2014
DEVÍAMOS :: Ana Blandiana ( 1942 Timisoara, Romania)
Boris Kustodiev
Devíamos nascer velhos,
despertos, capazes de decidir
nosso destino na Terra,
saber que caminho tomar
desde a primeira encruzilhada
e que irresponsável fosse apenas
o desejo de ir mais longe.
Depois, pormo-nos a caminhar,
cada vez mais jovens,
alcançar maduros e fortes
as portas da criação,
atravessá-las e entrar apaixonados
na adolescência,
sendo crianças quando nos nascessem os filhos.
Estes seriam assim sempre mais velhos que nós,
ensinando-nos a falar
e embalando-nos para dormir,
desapareceríamos pouco a pouco,
cada vez mais pequenos,
como um grãozinho de uva, de ervilha ou de trigo...
14 de set. de 2014
Conversa puxa conversa à toa - Clarice Lispector
Jean Metzinger, 1919
Ela não sabia que era criativa. E o mundo não sabe que é criativo. Parei de tomar o café, meditei: o mundo ainda será muito mais criativo. O mundo não se conhece a si próprio. Estamos tão atrasados em relação a nós mesmos. Inclusive a palavra criativa não será usada como palavra, nem mesmo vai se falar nela: apenas tudo se criará. Não é culpa nossa - continuei com meu café - se estamos atrasados de milhares de anos. Ao pensar em "milhares de anos à nossa frente", deu-me quase uma vertigem pois não consigo contar sequer com a cor que a terra terá. A posteridade existe e esmagará o nosso presente. E se o mundo se cria por ciclos, digamos, é possível que voltemos às cavernas e que tudo se repita de novo? Dói-me até o corpo ao pensar que não saberei jamais como o mundo será daqui a milhares de anos. Por outro lado, continuei, nós estamos engatinhando até depressa. E a toada que a moça cantava vai dominar esse mundo novo: vai-se criar sem saber. Mas por enquanto estamos secos como um figo seco onde ainda há um pouco de umidade.
Enquanto isso a empregada estende roupa na corda e continua sua melopéia sem palavras. Banho-me nela. A empregada é magra e morena, e nela se aloja um "eu". Um corpo separado dos outros, e a isso se chama de "eu"? É estranho ter um corpo onde se alojar, um corpo onde sangue molhado corre sem parar, onde a boca sabe cantar, e os olhos tantas vezes devem ter chorado. Ela é um "eu".
In: A Descoberta do mundo. Editora Nova Fronteira, 1984. p. 444
16 de jul. de 2014
Crie a si próprio de Carl Gustav Jung
"Mas o que pode o homem criar se por acaso não for poeta?
Se você não tiver absolutamente nada para criar , então talvez crie a si próprio”.
Carl Gustav Jung
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Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Gu2kZgmaS95KOKBkcXPMFbBSyPUPYr0xyE5L06ID4YT6UuQtFgZYjge2GZ_OWUA3DPOYmKBENS6eOxdmMJHB_8bKAHQYxCb23O0176hZ-ExSWf3dxx5IA3X0gzlPbCcop7rVJ4QrJ062vtzkou__3eai9R88nFdYJCkYgGtIWW_9EuXuTmWGJ2gkVFUx/w400-h400/1000228809.jpg)
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