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9 de ago. de 2015

MEIA IDADE :: ROBERT LOWELL (1917-1977)

A monotonia do solstício de inverno
está agora em mim, Nova Iorque
atravessa-me os nervos,
enquanto percorro
as ruas maceradas.

Quarenta e cinco,
e a seguir?, e a seguir?
A cada esquina,
encontro meu Pai,
da minha idade, ainda vivo.

Pai, perdoa as
minhas ofensas,
como eu perdoo
aqueles que
tenho ofendido!

Nunca escalaste
o Monte Sião, porém deixaste
pegadas de dinossauro
na crosta
por onde devo caminhar.

............


MIDDLE AGE

Now the midwinter grind
is on me, New York
drills through my nerves,
as I walk
the chewed-up streets.

At forty-five,
what next, what next?
At every corner,
I meet my Father,
my age, still alive.

Father, forgive me
my injuries,
as I forgive
those I
have injured!

You never climbed
Mount Sion, yet left
dinosaur
death-steps on the crust,
where I must walk.

13 de jan. de 2015

Quando acordares lembra-te de mim :: Manuel António Pina

Marc Chagall, 1981

"Quando acordares lembra-te de mim. Eu sou aquele que te pegou na mão, e o que te acariciou os cabelos. Estavas cheio de medo e o sono não conseguia arrastar-te para dentro de ti, nem o tempo para dentro de tua mais íntima idade. Precisavas de alguém que te amparasse a cabeça e te falasse em voz alta. Tantas vozes, lembras-te? Tanto silêncio, lembras-te? Eu estava lá e só eu te ouvia."

 in Todas as palavras

6 de set. de 2014

PRESENTE :: Antonio Cicero

Vincent van Gogh, 1888

Por que não me deitar sobre este
gramado, se o consente o tempo,
e há um cheiro de flores e verde
e um céu azul por firmamento
e a brisa displicentemente
acaricia-me os cabelos?
E por que não, por um momento,
nem me lembrar que há sofrimento
de um lado e de outro e atrás e à frente
e, ouvindo os pássaros ao vento
sem mais nem menos, de repente,
antes que a idade breve leve
cabelos sonhos devaneios,
dar a mim mesmo este presente?

9 de out. de 2013

A idade me cai bem :: Andréa Beheregaray

 Berthe Morisot1889
Uma amiga ao ver essa foto* escreveu que, a idade me cai bem.
Lhe respondi que isso é bom, já que com a idade muita coisa cai também!
E pensativa fiquei, aos 33, ainda não me apavorei.
Se existe a mulher moranguinho, e também a melância.
E eu o que seria?
Talvez a mulher bergamota, com a pele cheia de relevos.
Não olho no espelho, e com isso pouca coisa percebo.
Mas sei que também poderia
ser chamada de a mulher braile.
1000 furinhos a compor curvas,
Celulite também é cultura,
basta que entendas a escrita dos cegos.
O que será que contam os textos da minha pele?
Mas bom mesmo é não saber.
Evitar biquinis, se esconder.
Porque se a idade me cai bem,
o resto tem caido também!

* não se trata da imagem de Berthe Morison

18 de ago. de 2012

Presente de Antonio Cícero

Sophie Jourdan

Por que não me deitar sobre este
gramado, se o consente o tempo,
e há um cheiro de flores e verde
e um céu azul por firmamento
e a brisa displicentemente
acaricia-me os cabelos?
E por que não, por um momento,
nem me lembrar que há sofrimento
de um lado e de outro e atrás e à frente
e, ouvindo os pássaros ao vento
sem mais nem menos, de repente,
antes que a idade breve leve
cabelos sonhos devaneios,
dar a mim mesmo este presente?

28 de jun. de 2009

Da Mafalda

"¿Qué importan los años? 


Lo que realmente importa es comprobar que al fin de cuentas 
la mejor edad de la vida es estar vivo"



Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...