17 de fev. de 2015

Navio que partes para longe :: Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

Rafal Olbinski

Navio que partes para longe,
Porque é que, ao contrário dos outros,
Não fico, depois de desapareceres, com saudades de ti?
Porque quando te não vejo, deixaste de existir.
E se se tem saudades do que não existe,
Sente-se em relação a coisa nenhuma,
Não é do navio, é de nós, que sentimos saudades.

29-5-1918
“Poemas Inconjuntos”. Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994.   143.

Nenhum comentário:

A CERCA, O CÓRREGO :: Marcílio Godoi

  Quando falava de suas poucas reservas, de saúde e de dinheiro, meu velho pai dizia, “talvez dê pra chegar com a cerca no córrego!”. Desde ...