Meus ouvidos ouvem cada vez menos das conversas, meus olhos vão ficando mais fracos, mas não se fartaram.Vejo suas pernas em minissaias, em calças compridas ou tecidos voláteis,Observo uma a uma, suas bundas e coxas, pensativo, acalentado por sonhos pornô.Velho depravado, é a cova que te espera, não os jogos e folguedos da juventude.Não é verdade, faço apenas o que sempre fiz, compondo cenas dessa terra sob as ordens de uma imaginação erótica.Não desejo a estas criaturas, desejo tudo, e elas são como o signo de uma convivência extática.Não é minha culpa se somos feitos assim, metade contemplação desinteressada, e metade apetite.Se após a morte eu chegar ao Céu, lá deve ser como aqui, só que me terei desfeito da obtusidade dos sentidos e do peso dos ossos.Tornado puro olhar, sorverei ainda as proporções do corpo humano, a cor da íris, uma rua de Paris em junho de manhãzinha, toda a incompreensível, a incompreensível multidão das coisas visíveis.2000
Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
3 de ago. de 2017
DESCRIÇÃO DE SI MESMO JUNTO A UM COPO DE WHISKY NO AEROPORTO, DIGAMOS EM MINNEAPOLIS :: Czeslaw Milosz (1911-2004)
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