24 de jan. de 2022

O pombo flâneur :: Alex Varella

Todo pombo é flâneur, mas o carioca ainda mais.

Conta Paulo Mendes Campos que era verão,

e dois deles tinham marcado um encontro,

às cinco azul em ponto,

nos céus do Rio de Janeiro.

Os tradicionais relógios da Mesbla e da Central marcavam a hora,

mas não marcavam o tempo,

(nenhum relógio marca o tempo).

Atravessando a cidade num fio de luz,

a vista ardendo de azul,

aquele pombo se atrasou

e, arrulhando,

em uma sentença se explicou:

“-- Desculpe , meu amor,

mas o dia estava tão bonito que eu vim andando;

eu tinha de vir andando!”





VARELLA, Alex. O pombo flâneur.

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