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30 de jun. de 2014

Poemeto Matinal :: Abgar Renault

Patrick DuMouchel
O ar da manhã beija a minha face. 
A minha alma beija o ar leve da manhã 
e olha a paisagem longínqua da cidade, 
que branqueja alegremente na distância 

e sorri humanamente 
um sorriso branco no caiado das casas 
que montam os flancos das colinas azuis 
e espiam pelos olhos escancarados das janelas. 

7 horas. Vai começar a função. 
O despertador das sirenes fura liricamente 
o silêncio doirado da manhã. 
Parece que a vida acorda agora pela primeira vez 

e esfrega os olhos deslumbradamente... 
Meu Ford fordeja dentro da manhã 
e sobe a rua velha do meu bairro, 
arquejando, bufando, fumando gasolina. 

Meu Ford a cabriolar nos buracos da rua descalça 
é um cabrito todo preto a cabriolar, prodigioso. 
O ar leve beija o radiador 
e beija a minha face. 

A meninice de todo o meu ser 
na doirada névoa desta manhã! 

19 de jun. de 2014

Poemeto Rural :: Abgar Renault

Valquiria Barros 
Amplo dia ardente de sertão.
Sol queimante de verão 
fuzilando auriluzente, 
em setas nos olhos da gente. 
Toadas longínquas de trabalhadores no eito. 
Gado engordando lentamente no pastinho estreito. 
Gente engordando sonolentamente dentro de casa. 
Sombras chatas de árvores estendidas no chão... Um ruflo célere de asa 
riscando, às vezes, o ar parado. Silêncio longo. Soledade. 
Monotonia do sertão... Monotonia da felicidade...