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28 de dez. de 2020

Para comer depois :: Adélia Prado


Matizes
Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
A campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
‘Eh bobagem!’
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.

in: Bagagem , 1976.

5 de out. de 2014

O Ciclista :: André Ricardo Aguiar

Cyclist - Natalia Goncharova, 1913

À flor veloz    
colhe o tempo
(pedal)         
pé ante perigo 
no risco de dar consigo

Centauro de rodas e aros, 
meio homem, meio 
de transporte

A pena da bicicleta 
escreve ruas 
até que uma esquina 
engatilha o ciclista 
e dispara—

A pólvora do instante
o ciclo da vida

Tudo pássaro 
e passageiro.

17 de nov. de 2011

Balada das meninas de bicicleta de Vinícius de Moraes



Bicicletai, meninada
Aos ventos do Arpoador
Solta a flâmula agitada
Das cabeleiras em flor
Uma correndo à gandaia
Outra com jeito de séria
Mostrando as pernas sem saia
Feitas da mesma matéria.
Permanecei! vós que sois
O que o mundo não tem mais
Juventude de maiôs
Sobre máquinas da paz