Nascidos da espetacular capacidade de adaptação do caboclo brasileiro à natureza que o circunda, os Brinquedos de Miriti são a expressão da sensibilidade e da representação ingênua do universo ribeirinho da região de Abaetetuba, cidade vizinha de Belém.
Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
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20 de jan. de 2020
Brinquedos de Miriti
Nascidos da espetacular capacidade de adaptação do caboclo brasileiro à natureza que o circunda, os Brinquedos de Miriti são a expressão da sensibilidade e da representação ingênua do universo ribeirinho da região de Abaetetuba, cidade vizinha de Belém.
12 de out. de 2016
4 de nov. de 2014
Quando vim da minha terra :: Wislawa Szymborska
Quando vim da minha terra,
se é que vim da minha terra
(não estou morto por lá?),
a correnteza do rio
me sussurrou vagamente
que eu havia de quedar
lá donde me despedia.
Os morros, empalidecidos
no entrecerrar-se da tarde,
pareciam me dizer
que não se pode voltar,
porque tudo é conseqüência
de um certo nascer ali.
Quando vim, se é que vim
de algum para outro lugar,
o mundo girava, alheio
à minha baça pessoa,
e no seu giro entrevi
que não se vai nem se volta
de sítio algum a nenhum.
Que carregamos as coisas,
moldura da nossa vida,
rígida cerca de arame,
na mais anônima célula,
e um chão, um riso, uma voz
ressoam incessantemente
em nossas fundas paredes.
Novas coisas sucedendo-se
iludem a nossa fome
de primitivo alimento.
As descobertas são máscaras
do mais obscuro real,
essa ferida alastrada
na pele de nossas almas.
Quando vim da minha terra
não vim, perdi-me no espaço,
na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.
Lá estou eu, enterrado
por baixo de falas mansas,
por baixo de negras sombras,
por baixo de lavras de ouro,
por baixo de gerações,
por baixo, eu sei, de mim mesmo,
este vivente enganado,
enganoso.
29 de ago. de 2014
Kindergarten :: Manuel António Pina
Konstantin Makovsky, 1882
As filhas brincam fora de o quê,
que infinitamente se interroga?
O fora de elas é dentro
de que exterior centro?
Quem está lá aqui
assistindo a isto e a mim,
assistindo a isto e a mim,
e às filhas brincando e ao jardim?
Que coisa essencial em qualquer sítio perdi?
Também eu ou alguém brincou há muito tempo
em outro jardim, brincando.
Sem que palavras lá estando?
Fora de que memória não me lembrando?
18 de ago. de 2014
Lisonjear as palavras:: Manoel de Barros
Bryan Allen
"Tenho gosto de lisonjear as palavras ao modo que o Padre Vieira lisonjeava. Seria uma técnica literária do Vieira? É visto que as palavras lisonjeadas se enverdeciam para ele. Eu uso essa técnica. Eu lisonjeio as palavras. E elas até me inventam. E elas se mostram faceiras para mim. Na faceirice as palavras me oferecem todos os seus lados. Então a gente sai a vadiar com elas por todos os cantos do idioma.
Ficamos a brincar brincadeiras e brincadeiras. Porque a gente não queria informar acontecimentos. Nem contar episódios. Nem fazer histórias. A gente só gostasse de fazer de conta. De inventar as coisas que aumentassem o nada. A gente não gostava de fazer nada que não fosse de brinquedo. Essas vadiagens pelos recantos do idioma seriam só para fazer jubilação com as palavras. Tirar delas algum motivo de alegria.
Uma alegria de não informar nada de nada. Seria qualquer coisa como a conversa no chão entre dois passarinhos a catar perninhas de moscas. Qualquer coisa como jogar amarelinha nas calçadas. Qualquer coisa como correr em cavalo de pau. Essas coisas. Pura jubilação sem compromissos. As palavras mais faceiras gostam de inventar travessuras. Uma delas propôs que ficássemos de horizonte para os pássaros. E os pássaros voariam sobre o nosso azul. Eu tentei me horizontar às andorinhas. E as palavras mais faceiras queriam se enluarar sobre os rios. Se ficassem prateadas sobre os rios falavam que os peixinhos viriam beijá-las.
A gente brincava no prateado das águas. A mais pura jubilação!"
In: Memórias Inventadas - A Terceira Infância; Planeta, 2010
5 de mai. de 2013
15 de jan. de 2013
A primeira vez de Livia Garcia Roza
30 de out. de 2011
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