Mostrando postagens com marcador Coleção. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Coleção. Mostrar todas as postagens

23 de set. de 2015

Dona Carmen :: Ana Estaregui (1987)


gosto de como ela organiza de maneira metódica os ímãs na porta da geladeira (feito pássaros em v no céu);
como coleciona, desde sempre, selos adesivos que vêm colados nos melões, mamões e maçãs; gruda tudo num batente de madeira;
guarda (todos) os araminhos que amarram o pão num potinho de vidro de ervilha;
almoça todos os dias rigorosamente às 12h;
mergulha o filãozinho no leite com café até o miolo inchar de leite com café;
cultiva mudas - arruda, alecrim, mini rosas - em caixinhas de leite longa vida;
só assiste televisão indiretamente: através do reflexo no espelho. dona carmen explica com a propriedade de um doutor: a imagem direta da tv faz mal pra vista;

24 de jul. de 2014

Espírito de colecionador :: Adélia Prado


John William Waterhouse

Sofro por causa do meu espírito de colecionador-arqueólogo.
Quero pôr o bonito numa caixa com chave
para abrir de vez em quando e olhar."
Adélia Prado

29 de mai. de 2013

Tarapada Ray


O irmão do meu bisavô tinha um passatempo peculiar -

Costumava coleccionar penas

de diferentes pássaros

de diferentes cores, de diferentes sítios.

O seu quarto, o corredor, a escada

Estavam cheios de milhares de penas coloridas e descoloridas.


No dia da sua morte

Um pouco antes do sol nascer, de madrugada,

O irmão do meu bisavô

subiu ao telhado da sua casa

E lançou as penas para o ar da manhã.

As penas flutuaram nos raios dourados

do sol nascente.

Algumas cairam por perto.

Outras foram para longe.

Outras ainda voaram até à eternidade, pelo céu.


Não, não é possível escrever uma história

sobre este assunto

Mas algumas dessas penas continuam a voar

pelo céu.



(Versã a partir da tradução inglesa do autor reproduzida em This same sky, selecção de Naomi Shihab Nye, Aladdin Paperbaks, Nova Iorque, 1996, p.56).

21 de out. de 2011

Mas não sou onisciente




Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as, creio, como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história, cada incidente, cada fragmento de conversa é matéria-prima para mim. Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um, aleijado, moribundo, puta, e depois retornar para escrever sobre os meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui aquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha vida, ela é a única que terei. E você não pode considerar a própria vida com curiosidade objetiva o tempo todo..." Sylvia Plath