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16 de set. de 2013

Para uma amiga que se foi



"Entre muitas outras coisas, 
tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. 
Sozinho não o podia fazer."
 Kafka em carta para um amigo

28 de fev. de 2012

Investigações de um cão de Franz Kafka


Andrew Wyeth 
Todo o conhecimento, a totalidade de todas as perguntas e respostas, está contida no cão.

As minhas interrogações servem apenas de aguilhão para mim mesmo. Só quero ser estimulado pelo silêncio que se ergue à minha volta como resposta derradeira. «Até quando conseguirás suportar o facto de que o mundo dos cães, tal como demonstram cada vez com mais evidência as tuas pesquisas, está para sempre votado ao silêncio? Até quando conseguirás suportar esta ideia?» Esta, esta é que é a verdadeira grande interrogação da minha vida, uma interrogação perante a qual as outras interrogações se tornam totalmente insignificantes. Uma interrogação que diz respeito apenas a nós próprios e a mais ninguém. Infelizmente, posso responder a esta interrogação com mais facilidade do que às interrogações específicas: aguentarei, provavelmente, até ao meu fim natural. A serenidade da velhice irá formando uma resistência cada vez maior a todas as interrogações inquietantes. Tudo indica que hei-de morrer em silêncio e rodeado de silêncio, na verdade até de forma específica, e antevejo isso com uma certa tranquilidade. Um coração admiravelmente resistente, pulmões que é impossível ficarem fracos prematuramente, foram-nos dados a nós, cães, como que por ironia. Assim, sobrevivemos a todas as interrogações, inclusive àquelas que colocamos a nós próprios, como autênticas fortalezas de silêncio que somos.
Franz Kafka, "Investigações de um cão"

9 de out. de 2011

A janela para a rua




Aquele que vive só, e que contudo deseja de vez em quando vincular-se a algo, aquele que considerando as mudanças do dia, do tempo, do estado de seus negócios e outras coisas, deseja de súbito ver um braço ao qual aferrar-se, não está em condições de viver muito tempo sem uma janela que dê para a rua. E se lhe agrada não desejar nada, e apenas se aproxima da janela como um homem cansado cujo olhar oscila entre o público e o céu e não quer olhar para fora, e deitou a cabeça um pouco para trás, contudo, apesar de tudo isto, os cavalos lá de baixo acabarão por arrastá-lo em sua caravana de carros e seu tumulto, e assim finalmente na harmonia humana.


Franz Kafka

14 de out. de 2010

Homens


Os homens estão atados entre si por cordas, e isso já fica ruim quando as cordas afrouxam em torno de alguém e este cai um pouco mais baixo que os outros no vazio, mas quando as cordas arrebentam e aquele cai mesmo, é horrível. É por isso que devemos segurar-nos uns aos outros. Kafka 

17 de jun. de 2007

Amizade :: Kafka

Andrew Wyeth




Entre muitas outras coisas, 
tu eras para mim uma janela 
através da qual podia ver as ruas. 
Sozinho não o podia fazer.

 Kafka em carta para um amigo