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16 de dez. de 2014

O poeta visto por mim :: Dylan Thomas


Em meu ofício ou arte taciturna

Exercido na noite silenciosa

Quando somente a lua se enfurece

E os amantes jazem no leito

Com todas as suas mágoas nos braços,

Trabalho junto à luz que canta

Não por glória ou pão

Nem por pompa ou tráfico de encantos

Nos palcos de marfim

Mas pelo mínimo salário

De seu mais secreto coração.


Escrevo estas páginas de espuma

Não para o homem orgulhoso

Que se afasta da lua enfurecida

Nem para os mortos de alta estirpe


Com seus salmos e rouxinóis,

Mas para os amantes, seus braços

Que enlaçam as dores dos séculos,

Que não me pagam nem me elogiam

E ignoram meu ofício ou minha arte.


(tradução: Ivan Junqueira)

25 de out. de 2013

A perfeição de Clarice Lispector


O que me tranquiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta.O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete.Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. (...) O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

In: A descoberta do mundo. Nova Fronteira, 1984. p. 226

26 de jul. de 2009

Domingo


foto: Caminho de Santiago 

E todo o mel dos domingos se tire;
o diamante dos sábados, a rosa
de terça, a luz de quinta, a mágica
de horas matinais, que nós mesmos elegemos
para nossa pessoal despesa, essa parte secreta
de cada um de nós, no tempo.

Os últimos dias. Drummond