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30 de out. de 2015

AINDA NÃO :: CORA CORALINA


I

Ainda não...
É a espera.
Afirmação
do tempo que vai chegar
no tempo que está passando.

II

Ainda não...
É a promessa.
Certeza
do tempo de querer
no tempo que vai chegando.
A mulher é a terra —
terra de semear.

III

Ainda não...
O tempo disse dormindo:
Por que esperar?
Plantar, colher
no amanhecer.
Não retardar o instante
maravilhoso da colheita.

IV

Veio o semeador,
semearam juntos
e colheram
o encantamento do fruto.
Lamentaram juntos
Retardamos tanto... no tempo.



In: Meu livro de cordel, 1976

23 de jun. de 2015

Cardamomo-verdadeiro (Elettaria cardamomum)











Cardamomo-verdadeiro
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Zingiberales
Família: Zingiberaceae
Género: Elettaria
Espécie: E. cardamomum
Nome binomial
Elettaria cardamomum (L.) Maton
O Cardamomo é uma planta cujo nome científico é Elettaria cardamomum. Originário da Índia, o cardamomo chegou à Europa com as rotas das caravanas e seguiu com os vikings de Constantinopla à Escandinávia onde é popular.
A planta é da família do gengibre, com folhas grandes, flores brancas e frutos secos de cor esverdeada ou branca contendo sementes negras e aromáticas de sabor picante, que podem ser transformadas em pó ou em óleo.
Tem propriedades anti-sépticas, digestivas, diuréticas, expectorantes e laxantes.1 Não deve ser consumido em altas doses, pois pode provocar vômitos.
Usos culinários
As sementes de cardamomo são consumidas no café nos países árabes ("Arabian coffee"). Na Índia, no Líbano, na Síria, nos países do Golfo (baharat) e na Etiópia (berbere) é um componente essencial de misturas de especiarias. Também é aproveitado para aromatizar pães, carnes, pastéis, pudins, doces, salada de frutas, sorvetes, embutidos e licores. Fica bom ainda em maçãs assadas, peras escalfadas, entre outros. Combina em marinada e no vinho. Também em picles e no arenque em conserva.
Sementes
As vagens contém, cada uma, entre 15 a 20 pequenas sementes pretas ou marrom-escuras e viscosas. As vagens inteiras, levemente partidas, são usadas como tempero em arroz, ensopados e carnes refogadas lentamente. As sementes podem ser fritas ou tostadas e moídas antes de adicionadas ao alimento.
A semente do cardamomo serve bem com alcaravia, pimenta-malagueta, canela, cravo-da-índia, café, coentro, cominho, gengibre, paprica, pimenta-do-reino, açafrão e iogurte.2
Referências
NORMAN, Jill. Ervas & especiarias.  São Paulo. Publifolha, 2012. p. 194-197.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

4 de fev. de 2015

Pacová (Renealmia, família Zingiberaceae ) Masusa, renealmia, mardi grass, misquipanga, pacová-catinga




fotos: Neide Rigo

Fruto: Os fiapos cor de laranja podem colorir e perfumar arroz. A semente dá sabor e aroma à comida e, mastigada, deixa o hálito perfumado. A casca dá um chá vermelho se o fruto está maduro. Na cozinha. Assim como o cardamomo, o pacová pode ser usado para aromatizar o café, moendo um pouco das sementes junto dos grãos. Ou para compor mistura de especiarias – triturado com pimenta-do-reino, cravo e canela, por exemplo, para usar em carnes, frangos e vegetais. Para pratos doces, basta socar no pilão um pouco das sementes com açúcar, peneirar e usar em chás aromáticos, bolos, biscoitos de especiarias e docinhos como este de fécula de mandioca, que tem seu lado cítrico incrementado pelo capim-santo.
fonte: http://blogs.estadao.com.br/paladar/pacova-para-comer-e-para-perfumar/

21 de set. de 2014

Um Reino Cheio de Mistério de Clarice Lispector

No dia 21 de setembro comemorou-se o Dia da Árvore, o que deve ter dado trabalho a muito menino do primário, do qual certamente exigiram uma redação sobre o tema: com a alma bocejando, os meninos devem ter dito que a árvore dá sombra, frutos etc.
Mas, ao que eu saiba, não se comemora o dia da planta, ou melhor, da plantação. E esse dia é importante para a experiência humana das crianças e dos adultos. Plantar é criar na Natureza. Criação insubstituível por outro tipo qualquer de criação.
Lembro-me de quando eu era menina e fui passar o dia numa granja. Foi um dia glorioso: lá plantei um pé de milho com muito amor e excitação. Depois, de quando em quando, eu pedia notícias do que havia criado.
Mais tarde, na Suíça, plantei um pé de tomates numa lata grande, bonita. Quando começaram a aparecer os ainda pequenos tomates verdes e duros achei inacreditável que eu mesma lhes tivesse provocado o nascimento: eu entrara no mistério da Natureza. Cada manhã, ao acordar, a primeira coisa que fazia era ir examinar minuciosamente a planta: é como se a planta usasse a escuridão da noite para crescer. Esperar que algo amadureça é uma experiência sem par: como na criação artística em que se conta com o vagaroso trabalho do inconsciente. Só que as plantas são a própria inconsciência.
Nesse reino, que não é nosso, a planta nasce, cresce,  amadurece e morre. Sem nenhum objetivo de satisfazer algum instinto. Ou estarei enganada, e há instintos os mais primários no reino vegetal? Meu tomateiro parecia ter tomates vermelhos porque assim queria, sem nenhuma outra finalidade que não a de ser vermelho, sem a menor intenção de ser útil. A utilização do tomate para se comer é problema dos humanos.
Um dos gestos mais belos e largos e generosos do homem, andando vagarosamente pelo campo lavrado, é o de lançar na terra as sementes.
E quando os tomates ficaram redondos, grandes e vermelhos? Chegara a hora da colheita. Não foi sem alguma emoção que vi num prato da mesa os tomates que eram mais meus que um livro meu. Só que não tive coragem de comê-los. Como se comê-los fosse um sacrilégio, uma desobediência à lei natural. Pois um tomateiro é arte pela arte. Sem nenhum proveito senão o de dar tomate.
O ritmo das plantas é vagaroso: é com paciência e amor que elas crescem.
Entrar no Jardim Botânico é como se fôssemos trasladados para um novo reino. Aquele amontoado de seres livres. O ar que se respira é verde. E úmido. É a seiva que nos embriaga de leve: milhares de plantas cheias da vital seiva. Ao vento as vozes translúcidas das folhas de plantas nos envolvem num suavíssimo emaranhado de sons irreconhecíveis. Sentada ali num banco, a gente não faz nada: fica apenas sentada deixando o mundo ser. O reino vegetal não tem inteligência e só tem um instinto, o de viver. Talvez essa falta de inteligência e de instintos seja o que nos deixa ficar tanto tempo sentada dentro do reino vegetal.
Lembro-me de que no curso primário a professora mandava cada aluno fazer uma redação sobre um naufrágio, um incêndio, o Dia da Árvore. Eu escrevia com a maior má vontade e com dificuldade: já então não sabia seguir senão a inspiração. Mas que seja esta a redação que em pequena me obrigavam a fazer.
In: Visão do esplendor: impressões leves. Francisco Alves Editora, 1975. p. 71