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20 de jul. de 2020

Poema Concreto de Thiago de Mello


Pedro Ruiz

O que tu tens e queres saber (porque te dói)
não tem nome. Só tem (mas vazio) o lugar
que abriu em tua vida a sua própria falta.

A dor que te dói pelo avesso, 
perdida nos teus escuros, 
é como alguém que come
não o pão, mas a fome.

Sofres de não saber
o que tens e falta
num lugar que nem sabes, 
mas que é tua vida, 
quem sabe é teu amor.
O que tu tens, não tens. 

8 de fev. de 2017

Vida bordada :: Silvana Conterno

Kira Nichols
Em muitos matizes
Agulhas perfuram
Profundamente
Nossos tecidos
Forma custosa
Demorada
Muitas voltas, laçadas
Ponto atrás, quando preciso
Ponto haste, dando direção
Correntinha para amenizar
Um coração em rococó
Marco preciso com ponto cruz
Para os vazios infindáveis
Tentamos o ponto cheio
E segundo dizem
É pelo avesso que se vê
O capricho de uma vida
Nós e fios cortados
Arremate que nunca finda

15 de ago. de 2014

RITMOS :: ANA LUÍSA AMARAL

Miriam Schapiro

E descascar ervilhas ao ritmo de um verso: 
a prosódia da mão, a ervilha dançando 
em redondilha. 
Misturar ritmos em teia apertada: um vira 
bem marcado pelo jazz, pas 
de deux: eu, ervilha e mais ninguém 

De vez em quando o salto: disco sound 
o vazio pós-moderno e sem sentido 
Ah! hedónica ervilha tão sozinha 
debaixo do fogão! 

As irmãs recuperadas ainda em anos 20 
o prazer da partilha: cebola, azeite 
blues desconcertantes, metamorfose em 
refogados rítmicos 

(Debaixo do fogão 
só o silêncio frio) 

Minha Senhora de Que. Quetzal Editores, Lisboa, 1999.

5 de abr. de 2013

Saber de cor o silêncio de Orides Fontela

Rian Fontenele 

Saber de cor o silêncio
diamante e/ou espelho
o silêncio além 
do branco.

Saber seu peso
seu signo
- habitar sua estrela
impiedosa.

Saber seu centro: vazio
esplendor além
da vida
e vida além
da memória.

Saber de cor o silêncio

- e profaná-lo, dissolvê-lo
em palavras.



15 de fev. de 2013

Face sonhada de João Cabral de Melo Neto

Felix Mas

Eu penso o poema 
da face sonhada, 
metade de flor 
metade apagada. 
O poema inquieta
o papel e a sala.
Ante a face sonhada 
o vazio se cala.

1 de fev. de 2012

Maiores e até infinitos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Manoel de Barros