Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
19 de abr. de 2011
11 de abr. de 2011
5 de abr. de 2011
Obscuro
Quando nos esforçamos demasiado por penetrar noutra pessoa, descobrimos que a impelimos para uma posição defensiva e que ela cria resistências porque, nos nossos esforços para penetrar e compreender, ela sente-se forçada a examinar aquelas coisas em si mesma que não desejava examinar. Toda a gente tem o seu lado obscuro que - desde que tudo corra bem - é preferível não conhecer. Jung
3 de abr. de 2011
Arquivando
Joguei fora e lamentei. Sempre lamentamos ter jogado fora em certo momento da vida. Mas, se não jogamos fora, se não nos separamos, se queremos guardar o tempo, podemos passar a vida arrumando, arquivando nossa vida."
Marguerite Duras in: A vida material. Ed. Globo, p. 46)
Marguerite Duras in: A vida material. Ed. Globo, p. 46)
29 de mar. de 2011
Más allá de tus ojos
Te recuerdo como eras en el último otoño. Eras la boina gris y el corazón en calma. En tus ojos peleaban las llamas del crepúsculo Y las hojas caían en el agua de tu alma. Apegada a mis brazos como una enredadera. las hojas recogían tu voz lenta y en calma. Hoguera de estupor en que mi sed ardía. Dulce jacinto azul torcido sobre mi alma. Siento viajar tus ojos y es distante el otoño: boina gris, voz de pájaro y corazón de casa hacia donde emigraban mis profundos anhelos y caían mis besos alegres como brasas. Cielo desde un navío. Campo desde los cerros. Tu recuerdo es de luz, de humo, de estanque en calma! Más allá de tus ojos ardían los crepúsculos. Hojas secas de otoño giraban en tu alma.
Pablo Neruda
27 de mar. de 2011
21 de mar. de 2011
Outonear de Carlos Drummond de Andrade
Todas estavam ainda verdes, mas essa ostentava algumas folhas amarelas e outras já estriadas de vermelho, numa gradação fantasista que chegava mesmo até o marrom – cor final de decomposição, depois da qual as folhas caem. Pequenas amêndoas atestavam seu esforço, e também elas se preparavam para ganhar coloração dourada e, por sua vez, completado o ciclo, tombar sobre o meio-fio, se não as colhe algum moleque apreciador de seu azedinho. É como se o cronista, lhe perguntasse – Fala, amendoeira – por que fugia ao rito de suas irmãs, adotando vestes assim particulares, a árvore pareceu
explicar-lhe:
-- Não vês? Começo a outonear. É 21 de março, data em que as folhinhas assinalam o equinócio do outono. Cumpro meu dever de árvore, embora minhas irmãs não respeitem as estações.
-- E vais outoneando sozinha?
-- Na medida do possível. Anda tudo muito desorganizado, e, como deves notar, trago comigo um resto de verão, uma antecipação de primavera e mesmo, se reparares bem neste ventinho que me fustiga pela madrugada, uma suspeita de inverno.
-- Somos todos assim.
-- Os homens, não. Em ti, por exemplo, o outono é manifesto e exclusivo. Acho-te bem outonal, meu filho, e teu trabalho é exatamente o que os autores chamam de outonada: são frutos colhidos numa hora da vida que já não é clara, mas ainda não se dilui em treva. Repara que o outono é mais estação da alma que da natureza.
-- Não me entristeças.
-- Não, querido, sou tua árvore-de-guarda e simbolizo teu outono pessoal. Quero apenas que te outonize com paciência e doçura. O dardo de luz fere menos, a chuva dá às frutas seu definitivo sabor. As folhas caem, é certo, e os cabelos também, mas há alguma coisa de gracioso em tudo isso: parábolas, ritmos, tons suaves... Outoniza-se com dignidade, meu velho.
15 de mar. de 2011
14 de mar. de 2011
7 de mar. de 2011
1 de mar. de 2011
Esfinge
Fernand Khnopff, Des Caresses (The Sphinx), 1896
A pintura, intitulada "Arte" ou "Sphinx" ou "carícias" retrata principalmente a união dos aspectos masculinos e femininos dentro do ser, a viagem de volta ao estado andrógino. Nostalgia de completude.
24 de fev. de 2011
dondequiera
Corazon Coraza
Porque te tengo y no
porque te pienso
porque la noche está de ojos abiertos
porque la noche pasa
y digo amor
porque has venido a recoger tu imagen
y eres mejor que todas tus imágenes
porque eres linda desde el pie hasta el alma
porque eres buena desde el alma a mí
porque te escondes dulce en el orgullo
pequeña y dulce corazón coraza
porque eres mía porque no eres mía
porque te miro y muero
y peor que muero si no te miro amor
si no te miro
porque tú siempre existes dondequiera
pero existes mejor donde te quiero
porque tu boca es sangre y tienes frío
tengo que amarte amor
tengo que amarte
aunque esta herida duela como dos
aunque te busque y no te encuentre
y aunque la noche pase
y yo te tenga
y no.
Mario Benedetti, poeta uruguaio
20 de fev. de 2011
Aprendizado
E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas.
Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luar e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.
Cecília Meireles
In Mar Absoluto
18 de fev. de 2011
5 de fev. de 2011
Lucidez
Woyzeck com a lucidez da loucura:
"Todo homem é um abismo,
a gente fica tonto de olhar pra dentro dele"
31 de jan. de 2011
Possibilidade
IGUATEMI
O espaço que determina conforto Uma sensação de possibilidade infinita Nem hostil nem hospitaleiro As proporções das entradas A magnitude dos corredores Os matizes das palavras O clima, as mulheres andando, andando Mas especialmente as jovens Cujas vidas são o paraíso de possibilidade. Vincent Katz
In: Ilustríssima, FSP, 30.01.2011
29 de jan. de 2011
Coração
imagem: Maria Clara Gonzalez
'As pessoas te pesam?
Não as carregue nos ombros.
Leve-as no coração'
Dom Hélder Câmara
26 de jan. de 2011
Sujeito cheio de recantos :: Manoel de Barros
Laura Alice Watt
Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora leio avencas.
Tem horas Proust.
Ouço aves e Beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.
O dia vai morrer aberto em mim.
9 de jan. de 2011
Seiscentos e sessenta e seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil
das horas.
Mario Quintana Poesia Completa, p. 479 Editora Nova Aguillar
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