Jessie Willcox Smith
Para Lígia, que comigo escreveu esse poema.
A minha filha junto de mim lê os meus sonhos.
Tento evitá-lo –
aquilo não é coisa pra criança.
Insiste.
– Credo, mãe! Isso não é sonho, é pesadelo!
Senta-se e escreve em meu lugar –
A minha filha junto de mim.
Me junta a mim, a desjuntada,
me aconchega
e nina o desânimo em que me encontro.
Espanta o siso e abre o riso e fecho o livro
de onde brotam tais palavras mal escritas.
A minha filha junto de mim me traz de volta
ao mundo vivo em que pertenço a alguém
que me pertence e me escreve – filha.
Palavra forte.
Inscreve – mãe –
me faz alguém.
A minha filha junto de mim sonha seus sonhos
e abre o livro vivo que há em mim.