Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
6 de nov. de 2012
Amor feinho de Adélia Prado
Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho
5 de nov. de 2012
Em outro lugar de Orhan Pamuk
“Ao contrário de você, não tenho medo da vida nem de minhas paixões”, disse Necip. Temendo ter perturbado Ka, ele acrescentou: “A única coisa que me interessa são estas cartas: não consigo viver sem estar apaixonado por alguém ou por alguma coisa bela. Agora eu tenho de buscar o amor e a felicidade em outro lugar.” Orhan Pamuk in “Neve”
4 de nov. de 2012
3 de nov. de 2012
Sobre o apelo da poesia de Dritëro Agolli
Beatrice Ridley
Dizes que escrevi de mais sobre vacas,
E que estraguei demasiados versos com os cereais dos campos.
E então? Tu tens manteiga e leite pela manhã,
Ao jantar há sempre esse pãozinho branco
No teu prato e, além disso, o teu clamor por carne.
Sustentas que perdemos alguma emoção poética
Quando, nos nossos versos, falamos de vacas a toda a hora,
A intensidade de um poema, dizes, não vem das pastagens,
Nasce antes sob a nossa pele - quando uma linha explode
Em palavras, insistes, vindas de alguma reserva sublime.
Escuta, no entanto: no que diz respeito a vacas, eu nunca alcancei
Tudo o que queria, sim, elas merecem muito mais,
Por isso não posso separá-las da minha caneta e das minhas folhas,
As vacas são a minha inspiração, a minha primavera, o meu outono,
E, se pudesse, ensiná-las-ia a escrever poemas.
Tenho a certeza de que fariam melhor do que a maioria dos nossos bardos!
(Versão a partir da tradução inglesa de Robert Elsie e Janice Mathie-Heck reproduzida em Lightning from the depths - An anthology of albanian poetry, Northwestern University Press, Evanston/Illinois, 2008, p. 181).
Perpétua, Amaranto-globoso, Gonfrena, Perpétua-roxa
Família: Amaranthaceae
Categoria: Flores Anuais, Forrações ao Sol Pleno
Clima: Equatorial, Mediterrâneo, Oceânico,Subtropical, Temperado, Tropical
Origem: América Central, Guatemala, Panamá
Altura: 0.1 a 0.3 metros, 0.3 a 0.4 metros
Luminosidade: Sol Pleno
Ciclo de Vida: Anual
A perpétua é originalmente uma planta herbácea de flores de coloração roxa. No entanto, hoje em dia já são produzidas variedades de diversas cores. Suas folhas são oval-lanceoladas, de textura pilosa e coloração verde-clara. Ela é versátil, tendo várias funções paisagísticas, podendo ser utilizada como forração ou para compor canteiros, bordaduras e maciços. Além disso, pode ser cultivada para a produção de flores secas.
Devem ser plantadas à pleno sol, em solo fértil e enriquecido com matéria orgânica, com regas regulares. Tolera bem o calor e o frio subtropical. Multiplica-se por sementes.
fonte: jardineiro.net
2 de nov. de 2012
Funeral Blues :: W. H. AUDEN
Que parem os relógios, cale o telefone,
jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais,
que emudeça o piano e que o tambor sancione
a vinda do caixão com seu cortejo atrás.
Que os aviões, gemendo acima em alvoroço,
escrevam contra o céu o anúncio: ele morreu.
Que as pombas guardem luto — um laço no pescoço —
e os guardas usem finas luvas cor-de-breu.
Era meu norte, sul, meu leste, oeste, enquanto
viveu, meus dias úteis, meu fim-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, fala e canto;
quem julgue o amor eterno, como eu fiz, se engana.
É hora de apagar estrelas — são molestas —
guardar a lua, desmontar o sol brilhante,
de despejar o mar, jogar fora as florestas,
pois nada mais há de dar certo doravante.
(tradução de Nelson Ascher)
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Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado
As estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.
...............
Funeral Blues
Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado
As estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.
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Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Impeçam o cão de latir com um osso enorme,
Silenciem os pianos e ao som abafado dos tambores
Tragam o caixão, deixem as carpideiras carpir suas dores.
Deixem os aviões aos círculos a gemer no céu
Rabiscando no ar a mensagem Ele Morreu,
Ponham laços crepe nas pombas brancas da nação,
Deixem os sinaleiros usar luvas pretas de algodão.
Ele era o meu Norte, meu Sul, meu Este e Oeste,
Minha semana de trabalho, meu Domingo de festa
Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa, minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: foi ilusão.
As estrelas já não são precisas: levem-nas uma a uma;
Desmantelem o sol e empacotem a lua;
Despejem o oceano e varram a floresta;
Porque agora já nada de bom me resta.
..................
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.
The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
April 1936
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Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e com os tambores em surdina
Tragam o féretro, deixem vir o cortejo fúnebre.
Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.
Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: enganei-me.
Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram o bosque;
Pois agora tudo é inútil.
(tradução de Maria de Lourdes Guimarães)
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Parem já os relógios, corte-se o telefone,
dê-se um bom osso ao cão para que ele não rosne,
emudeçam pianos, com rufos abafados
transportem o caixão, venham enlutados.
Descrevam aviões em círculos no céu
a garatuja de um lamento: Ele Morreu.
no alvo colo das pombas ponham crepes de viúvas,
polícias-sinaleiros tinjam de preto as luvas.
Era-me Norte e Sul, Leste e Oeste, o emprego
dos dias da semana, Domingo de sossego,
meio-dia, meia-noite, era-me voz, canção;
julguei o amor pra sempre: mas não tinha razão.
Não quero agora estrelas: vão todos lá para fora;
enevoe-se a lua e vá-se o sol agora;
esvaziem-se os mares e varra-se a floresta.
Nada mais vale a pena agora do que resta.
(tradução de Vasco Graça Moura)
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Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e abafem o tambor
Tragam o caixão, deixem passar a dor.
Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe nos pescoços das pombas da região,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.
Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meu meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: “não tinha razão”.
Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram a floresta;
Pois agora nada mais de bom nos resta.
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Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado
As estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.
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Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Impeçam os cães de ladrar com um osso apetitoso,
Calem-se os pianos e com ribombares abafados
Tragam o caixão, que as carpideiras chorem.
Que os aviões circulem gemendo sobre nós
Escrevendo no céu a mensagem Ele Está Morto,
Ponham fitas crepe nos pescoços brancos das pombas públicas,
Que os polícias de trânsito usem luvas de algodão preto.
Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho e o meu descanso de Domingo,
O meu dia, a minha noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensava que o amor durava para sempre: estava errado.
As estrelas já não são desejadas; apaguem uma a uma;
Embalem a lua e desmanchem o sol;
Despejem o oceano e varram as florestas;
Pois já nada pode vir a ser bom.
1 de nov. de 2012
Resedá Brasileiro - Physocalymma scaberrimum
Essa árvore é nativa das regiões centro-oeste e nordeste do Brasil e em locais de terras férteis pode atingir até 10 metros de altura, já em terrenos de solos fracos e pedregosos adquire porte pequeno, porém sempre com floração abundante. Sua florada é na coloração rosa-vivo e é espetacular ocorrendo no final do inverno e início da primavera com a planta desprovida de folhas.
Nessa época a planta fica totalmente coberta de flores lembrando bastante as cerejeiras japonesas, porém com a vantagem de florescer intensamente em regiões de clima bem quente e seco. Pelo seu porte reduzido pode ser usado em paisagismo nas mais diversas situações, em alamedas, parques, jardins, etc.
Luz: Pleno sol
Solos: Os mais variados tipos de solos, mesmo os mais pobres e pedregosos.
Origem: Regiões centro-oeste e nordeste do Brasil.
Oficina de Débora Siqueira Bueno
Portinari
A oficina de meu pai,
lugar só dele,
cheirava a graxa.
Tinha as ferramentas todas bem arrumadas.
Ele as pendurava num painel que fizera,
madeira envernizada,
os nós destacados.
A de minha mãe se espalhava pela casa –
a cozinha,
a varanda,
a cesta de costura,
a cadeira debaixo do abajur,
o jardim,
vasos de plantas,
o quarto.
Escrevo na escrivaninha
comprada usada,
incógnitas marcas.
O tampo é desses que abre e fecha
e tranca.
Sobre ela, dois microscópios
bem antigos, de metal,
para vasculhar detalhes.
Duas xícaras reproduzem
pinturas de Portinari
da Igreja de São Francisco –
peixes e aves, seres
das profundezas e dos ares,
onde constantemente vago.
A estante de livros,
arrumados conforme a seriedade e o gosto,
portas transparentes,
velha de muitas leituras,
me ladeia e observa.
É coroada pela máquina de escrever
que foi de meu pai
e me olha lá de cima.
Quando ele morreu
me foi perguntado o que eu queria dele.
Pedi a máquina, onde não escrevo,
mas que me abençoa.
Queria algo que guardasse
o toque de suas mãos.
Queria também palavras escritas,
grafadas com sua letra e lamento
não ter salvo as fichas
com os nomes poéticos das vacas
da fazenda Olhos d'água.
Em minha oficina uso
as ferramentas que herdei.
O gosto pela profundeza,
pelas palavras e história
ganhei de minha mãe;
também certa tristeza e o silêncio.
Impulso para entrar no mundo,
o sonho de conquistar grandes coisas
e um otimismo por vezes irrefreável,
estes recebi de meu pai.
O conhecimento sobre os caminhos de dentro
é decifração de meu próprio mapa,
percurso repetido
de me perder
e, de novo, ter que me buscar.
Fotografias de meus filhos,
obras feitas por suas mãos,
me ancoram ao tempo presente
e ao amor.
Pequenos objetos impregnados de afeto,
lembranças de estados d'alma;
o vaso de flores de maio,
as preferidas de minha avó;
janelas que arrematam
recortes de árvores e céu –
todos compõem meu espaço,
servem de pouso à vista,
repouso
para o nada pensar.
Componho melodias de silêncio.
Brotam do passado,
seguem ao futuro.
Aqui, só ser.
Aqui, sou.
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