8 de dez. de 2013

Robert Doisneau (14 de abril de 1912 - 1 de abril de 1994) Gentilly, Val-de-Marne, na França








BALADA PRA JOHN LENNON de ANTONIO DE CAMPOS


As luzes de Nova Iorque, ao apagar
de teu coração, perderam a cor do filamento.
Manhattan, uma terra de lágrimas, agora.
Mas o pássaro canta: He’s only sleeping!*

Muitas são as maneiras de se matar um homem,
a morte é que é uma só. Se difícil
madeira e cravos, fácil um buquê de balas.
Mas o pássaro canta ainda: He’s only sleeping!

Quatro balas quentes como a rosa
acesa de Hiroshima, quatro cordas partidas,
quatro punhaladas de chumbo.
Mas o pássaro canta ainda: He’s only sleeping!

O inverno chegou mais frio
e a neve sobre o teu corpo é negra
como a pele dos que no Harlem te pranteiam.
Mas o pássaro canta ainda: He’s only sleeping!

Não mais verão teus olhos puros de criança,
parados num pedaço qualquer do céu da cidade
e com a infinita impossibilidade de chorar outra vez.
Mas o pássaro canta ainda: He’s only sleeping!

Por mim irias com aquele terno branco
e um punhado de vento em teus cabelos,
mas isso nada vale pra ressuscitar canções em tua boca.
E o pássaro canta mais alto que nunca: He’s only sleeping!

Ele apenas dorme!

John Lennon (Liverpool, 9 de outubro de 1940 — Nova Iorque, 8 de dezembro de 1980)

7 de dez. de 2013

Claridade de Guimarães Rosa


Ali eu diante de portas abertas, 
por livre ir, 
às larguras de claridade.

Gérbera, Margarida-da-áfrica, Margarida-do-Transvaal





  • Nome Científico: Gerbera hybrida
  • Nomes Populares: Gérbera, Margarida-da-áfrica, Margarida-do-transvaal
  • Família: Asteraceae
  • Categoria: Flores Perenes
  • Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical
  • Origem: África
  • Altura: 0.1 a 0.3 metros, 0.3 a 0.4 metros
  • Luminosidade: Sol Pleno
  • Ciclo de Vida: Perene
  • A gérbera é uma excelente flor de corte, de grande duração. Ela é originária da hibridização entre Gerbera jamesonii e a Gerbera viridifolia. Suas flores têm pétalas com cores vivas e o centro também pode ter cores diferentes. Além disso, suas flores podem ser simples ou dobradas. Possui hastes longas e folhas bem verdes. Muito utilizada em arranjos florais elaborados, como o ikebana. Algumas variedades se prestam à formação de maciços e bordaduras nos jardins e como planta de vaso.

  • Devem ser cultivadas a pleno sol, em solo composto de terra de jardim e terra vegetal, bem adubado, com regas regulares. Apreciam o frio. Multiplicam-se por sementes ou por divisão da planta.
  • fonte: jardineiro.net

6 de dez. de 2013

Preciso de Marina Colasanti


Preciso ler um bom poema antes
de dormir
antes que a noite encerre o
diário
inventário das lembranças
antes que o sono cale a boca e o olhar
antes que o prumo
caia horizontal.
Preciso ler um poema antes
que seja tarde
que fique escuro que chegue o frio.
Ler um bom poema
antes que a morte venha
e escreva o seu.

5 de dez. de 2013

Margarida-amarela, Susana-dos-olhos-negros


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, 
assim é que são; 
eu amo esses olhos que falam de amores 
com tanta paixão.

Gonçalves Dias









  • Nome Científico: Rudbeckia hirta
  • Família: Asteraceae
  • Categoria: Flores Anuais
  • Clima: Continental, Mediterrâneo, Oceânico,Subtropical, Temperado, Tropical
  • Origem: América do Norte, Estados Unidos
  • Altura: 0.4 a 0.6 metros
  • Luminosidade: Sol Pleno
  • Ciclo de Vida: Bienal
  • A margarida-amarela é uma planta muito vistosa e florífera, recomendada para grandes maciços em gramados bem cuidados. Na primavera e verão produz inflorescências de coloração amarelo ouro a ocre, com o centro elevado e de coloração marrom-arroxeado, que mais parecem pinturas. São duas as variedades mais populares: uma que possue capítulos florais completamente amarelos e outra que apresenta um halo marrom próximo ao centro da flor. Ocorrem ainda formas com flores dobradas. A folhagem é bastante bonita e pilosa e as folhas possuem bordas serrilhadas.

  • Devem ser cultivadas a pleno sol em canteiros bem adubados e ricos em matéria orgânica, regados periodicamente. Requer replantio anual, apesar de ser bienal, pois perde a beleza com o tempo. Aprecia o frio de leve, sendo portanto indicada para regiões de altitude e de clima mais ameno. Multiplica-se por sementes.
  • fonte: jardineiro.net

4 de dez. de 2013

Azul de Carlos Pena Filho


Alexandru Ciucurencu

Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos
e colori minhas mãos e as tuas

E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul :
Azul."
( ... )

3 de dez. de 2013

Coisas que criam alma na pessoa de Mia Couto

Arkhip Kuindzhi

(…) Não era tristeza. Era um vazio. Os tristes têm um céu. Cinzento, mas céu. Os desesperados têm um deserto. Meu pai olhava para trás: era mais o esquecido que o vivido. O que não lembrava era porque se esquecera de viver? Ou tudo tinha ficado lá, na mina que desmoronou? Quando se cruzava comigo, de pijama, a meio do dia, meu pai se justificava: – Sua mãe quer que eu faça dessas coisas que criam alma na pessoa. Só que ela não entende: se eu estou vivo é porque não tenho alma nenhuma. E agora, olhando-o sob aquele estilhaçado luar, me pareceu que meu pai não era senão poeira entre poeiras de Lua.

2 de dez. de 2013

Organiza o Natal :: Carlos Drummond de Andrade

(...) Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom. (...)
In: Cadeira de Balanço. Livraria José Olympio Editora . Rio de Janeiro, 1972. p. 52.






Gazânia


















  • Nome Científico: Gazania rigens
  • Família: Asteraceae
  • Categoria: Flores Anuais, Flores Perenes
  • Clima: Equatorial, Mediterrâneo, Subtropical,Temperado, Tropical
  • Origem: África, África do Sul
  • Altura: 0.1 a 0.3 metros
  • Luminosidade: Sol Pleno
  • Ciclo de Vida: Perene
  • Excelente para bordaduras e maciços a gazânia é uma planta bastante rústica e campestre. Sua folhagem é verde na superfície e cinza na face inferior. Apresenta muitas variedades , com diferenças nas cores e combinações, qualidade das flores e rusticidade. As flores aparentes na verdade são os capítulos florais que protegem as flores diminutas amarelas que ficam no centro.

  • Suas cores variam entre o amarelo, laranja, marrom, vinho e branco, escurecendo para o centro, com combinações destas cores, sem no entanto serem malhadas. Algumas variedades apresentam um halo marrom próximo ao miolo.

  • Devem ser cultivadas a pleno sol em canteiros bem adubados e ricos em matéria orgânica, regados periodicamente. Requer reformas bienais, onde podemos afofar e adubar o substrato e fazer novas mudas. Aprecia o frio de leve, sendo portanto indicada para regiões de altitude e de clima mais ameno. Multiplica-se pela divisão da planta.
  • fonte: jardineiro.net

1 de dez. de 2013

Paciência:: Lenine

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não

Será que é tempo
Que lhe falta pra percebe?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não

A vida não para

Malu Delibo (1947 Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil)




















30 de nov. de 2013

Meu amor de Paul Eluard

Matisse

Meu amor por ter figurado meus desejos
Posto teus lábios no céu de tuas palavras como um astro
Teus beijos na noite viva
E o rastro de teus braços em torno de mim
Como uma chama em sinal de conquista
Meus sonhos estão no mundo
Claros e perpétuos

E quando tu não estás
Sonho que durmo sonho que sonho

Brinco-de-princesa, Agrado, Fúcsia, Lágrima – Fuchsia hybrida




Nome Científico: Fuchsia hybrida
Nomes Populares: Brinco-de-princesa, Agrado, Fúcsia, Lágrima
Família: Onagraceae
Categoria: Arbustos, Arbustos Tropicais, Flores Perenes
Clima: Mediterrâneo, Subtropical, Tropical
Origem: América do Sul
Altura: 0.4 a 0.6 metros, 0.6 a 0.9 metros, 0.9 a 1.2 metros
Luminosidade: Luz Difusa, Meia Sombra, Sol Pleno
Ciclo de Vida: Perene
Flor símbolo do Rio Grande do Sul, o brinco-de-princesa ou fúcsia é uma planta que faz um enorme sucesso internacional. Possui muitas variedades, sendo que tanto pétalas, quanto sépalas podem ser de cores e de formas diferentes. As cores mais comuns são vermelho, rosa, azul, violeta e branco, com diversas combinações, sem mesclas. A ramagem é pendente, mas pode haver variações, com plantas mais eretas e outras mais pendentes. O porte também varia entre as cultivares, de forma que há formas arbustivas e outras de porte herbáceo.
Para ficar sempre bonito, o brinco de princesa requer boa iluminação, de preferência sob luz difusa ou meia-sombra, no entanto muitas variedades vão bem sob sol pleno. Mas um detalhe é unânime, as fúcsias apreciam o frio e portanto deve-se dar preferência para o cultivo no sul do país e nas regiões serranas. No paisagismo pode ser plantado isolado ou em grupos, atraindo muitos beija-flores. Algumas cultivares são próprios para cestas pendentes e ficam ótimas em varandas. O substrato deve ser bem fértil, enriquecido com húmus e composto orgânico. A propagação pode ser por sementes ou por estacas.

29 de nov. de 2013

A nuvem prateada das pessoas graves de Rui Costa

Magritte

Nem sempre se deve desconfiar das pessoas graves, aquelas que caminham com o pescoço inclinado para baixo, os olhos delas a tocar pela primeira vez o caminho que os pés confirmarão depois. Às vezes elas vêem o céu do outro lado do caminho que é o que lhes fica por baixo dos pés e por isso do outro lado do mundo. O outro lado do mundo das pessoas graves parece portanto um sítio longe dos pés e mais longe ainda das mãos que também caem nos dias em que o ar pode ser mais pesado e os ossos se enchem de uma substância morna que não se sabe bem o que é.
Na gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, com que nos são alheias quando as olhamos de frente rumo ao lado útil do caminho que escolhemos, essas pessoas arrastam uma nuvem prateada que a cada passo larga uma imagem daquilo que foram ou das pessoas que amaram.

Essas imagens podem desaparecer para sempre se forem pisadas quando caem no chão. A gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, dessas pessoas, é, por isso, uma subtil forma de cuidado.

a nuvem prateada das pessoas graves
quasi
2005

28 de nov. de 2013

A falta de Érico Veríssimo :: Carlos Drummond de Andrade

Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.

Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.

Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.

Erico Lopes Verissimo, filho de Sebastião Verissimo da Fonseca e Abegahy Lopes Verissimo. Nasceu em Cruz Alta, RS, 17 dez.1905  e faleceu em Porto Alegre, RS, 28 nov. 1975.

http://www.youtube.com/watch?v=OQSH5KNAbUA#t=38

27 de nov. de 2013

Michael Grab: viagem através da arte do equilíbrio







Aléns :: Mia Couto

 M.C. Escher
(...) Olhei  o poente e vi as aves carregando o sol, empurrando o dia para outros aléns.
 Aquela era a minha última noite desse retiro nos matos.  Manhã seguinte eu já entrava na vila, como quem regressa a seu próprio corpo depois do sono. Olhei o poente e vi as aves carregando o sol, empurrando o dia para outros aléns.

fonte: O último voo do flamingo. Companhia das Letras, 2005.

A poesia, senhor fidalgo de Cervantes

A poesia, senhor fidalgo, a meu parecer, é como uma donzela terna e de pouca idade e extremamente formosa, a quem cuidam de enriquecer, polir e adornar outras muitas donzelas, que são todas as outras ciências, e ela há de se servir de todas, e todas hão de se autorizar com ela; porém tal donzela não quer ser manuseada, nem trazida pelas ruas, nem publicada pelas esquinas das praças nem pelos rincões dos palácios. Ela é feita de uma alquimia de tal virtude que quem a souber tratar transforma-la-á em ouro puríssimo de inestimável preço.
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La poesía, señor hidalgo, a mi parecer, es como una doncella tierna y de poca edad, y en todo estremo hermosa, a quien tienen cuidado de enriquecer, pulir y adornar otras muchas doncellas, que son todas las otras ciencias, y ella se ha de servir de todas, y todas se han de autorizar con ella; pero esta tal doncella no quiere ser manoseada, ni traída por las calles, ni publicada por las esquinas de las plazas ni por los rincones de los palacios. Ella es hecha de una alquimia de tal virtud, que quien la sabe tratar la volverá en oro purísimo de inestimable precio.

De: CERVANTES, Miguel de. Don Quijote de la Mancha. Madrid: Real Academia Española, 2004, p.666.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...