5 de fev. de 2014

Orquídea Rhyncholaelia digbyana







Nome Comum: Na sua origem Digby's Laelia, em homenagem ao entusiasta inglês, Digby
Origem: encontrada no México, Belize, Guatemala, Honduras e Costa Rica
Descrição: Porte médio com flores grandes perfumadas com aroma de limão, luz abundante, clima quente para temperado
Sinônimo: Bletia digbiyana; Brassavola digbyana; Brassavola digbyana var fimbripetala; Cattleya digbyana; Laelia digbyana; Laelia digbyana var fimbripetala; Rhyncholaelia digbyanan var fimbripetala

Corpo de luz de Hilda Hilst



I

Caminhas em direção ao Sul. O que te move
É alfa, Adonai, Claríssima Morada.
Teu peito é transparência em plenitude alada
E não te vejo na distância e no tempo.
Sei que a memória é límpida cancela
E que viaja a sós, eterna.
E sendo assim, a ti te reconheço.

II

Tu não estás comigo. Nem na tua noite
De antes, de granito. Nem a tua voz
É voz entre muralhas. Estás além agora:
Arco do infinito.

III

Teu sono não é o sono vulgar.
Estendes a vigília
E apreendes através da opacidade.
Também assim
Repousa o mar.

IV

Fechou-se para o efêmero das coisas
O incomensurável da retina.
Assim pousas na Verdade:
Fronte de opalina.

V

Poeta, os homens manipulam a matéria.
Artífices do grande sonho dão -se as mãos
e é o meu canto o fruto dessa espera.
Canto como quem risca a pedra. Te celebro
Na mais alta metamorfose da minha época.
Não cantarei em vão.

VI

Há um espaço finito onde o meu canto paira.
E no multidimensional, na estrutura
Onde a realidade se refaz, tu te demoras.
Pastor, o que parecia tangível se evapora.
E sobre nós, a grande noite
Num etéreo nada, jaz.

VII

Sabias de outro tempo? O universo
Agora se parece a um grande pensamento.
Tu cantaste o espanto, asa de silêncio.
Eu canto o espírito
Que penetrou no reino da matéria:
Asa de espanto do conhecimento.

4 de fev. de 2014

Contramor :: Adélia Prado

Setsiri Silapasuwanchai

O amor tomava a carne das horas
e sentava-se entre nós.
Era ele mesmo a cadeira, o ar, o tom da voz:
Você gosta mesmo de mim?
Entre pergunta e resposta, vi o dedo,
o meu, este que, dentro de minha mãe,
a expensas dela formou-se
e sem ter aonde ir fica comigo,
serviçal e carente.
Onde estás agora?
Sou-lhe tão grata, mãe,
sinto tanta saudade da senhora…
Fiz-lhe uma pergunta simples, disse o noivo.
Por que esse choro agora?

Miserere. Record, 2014.

Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo RJ 1896 - Belo Horizonte MG 1962)













3 de fev. de 2014

Pensamento - Arnaldo Antunes



Pensamento que vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
sem o meu consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento.


Antunes, Arnaldo. Tudos. São Paulo: Iluminuras, 2001.

2 de fev. de 2014

Eryngium: Eríngio; Cardo, Barba-de-Cabra; Caraguatá-Branco; Carandaí; Gravatá-Branco; Língua-de-Araçari; Língua-de-Tucano

























Eryngium L. é um género de cerca de 230 espécies de plantas anuais e perenes. Apresentam distribuição cosmopolita, com o centro de diversidade na América do Sul. Algumas espécies são nativas de áreas rochosas e costeiras, ainda que a maioria viva em prados. O nome do género provém do grego ērúggion que designa uma planta conhecida como "barba-de-cabra".

No Brasil, algumas espécies são designadas como "língua-de-tucano" ou eríngio.

Têm folhas glabras e, geralmente, espinhosas, com umbelas em forma de cúpula, semelhantes às inflorescências dos cardos, com um verticilo de brácteas espinhosas basais.

Eryngium maritimum (cardo-marítimo) é uma das espécies, perene, nativa da Europa e frequente nas zonas costeiras. Caracteriza-se por uma roseta basal, cinzenta pálida ou verde prateada, de onde partem caules floríferos espinhosso, podendo atingir cerca de 50 cm de altura. É uma espécie muito frequente em jardins por quem aprecia as suas flores e folhagem superior de um azul metálico.

Outras espécies usadas como plantas ornamentais em jardins são também vulgarmente designadas como cardos-marítimos, ainda que a maioria não esteja sequer associada a habitats litorais. Entre as espécies mais conhecidas está a Eryngium bourgatii, planta perene com folhagem espinhosa de cor verde forte matizada de branco prateado. Floresce no Verão, formando inflorescências azul-cobalto, especialmente atractivas para as abelhas. Tem cerca de 30 a 60 cm de altura. Entre as espécies ornamentais, podemos ainda referir a Eryngium alpinum, E. variifolium, E. tripartitum, E. bromeliifolium, e a planta bianual E. giganteum.

fonte: wikipedia



De tudo :: Radovan Ivsic

Van Gogh 
De tudo que sei
E que sei que sabes
De tudo que vejo
E que sei que tu vês
De tudo que ouço
Quando escuto teu coração
De tudo que me dizes
E que tanto amo
De tudo que se passa
Quando fechas os olhos
De todos os sonhos
De todas as estrelas
De todas as nuvens
De tudo isso sabes
O que me alegra ainda mais?
De tudo isso o que me alegra ainda mais
É que sei que sabes
Porque tu sabes e eu sei também
Tu sabes que me amas
E eu sei que te amo.


tradução ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO

1 de fev. de 2014

Onze-horas, Portulaca















Nome Científico: Portulaca grandiflora
Nomes Populares: Onze-horas, Portulaca
Família: Portulacaceae
Categoria: Cactos e Suculentas, Flores Anuais, Forrações ao Sol Pleno
Clima: Continental, Equatorial, Mediterrâneo, Oceânico, Subtropical, Temperado, Tropical
Origem: Argentina, Brasil, Uruguai
Altura: 0.1 a 0.3 metros, menos de 15 cm
Luminosidade: Sol Pleno
Ciclo de Vida: Anual, Bienal, Perene
  A onze-horas é uma das raras plantas suculentas que tem ciclo de vida anual, embora alguma variedades sejam capazes de perenizar por mais de um ano. É também umas das floríferas anuais mais apreciadas no mundo todo, pelo seu fácil cultivo e abundante floração. Seus ramos são prostrados, macios, ramificados e suculentos, muitas vezes avermelhados. As folhas são engrossadas, cilíndricas, verdes, suculentas e dispostas alternadamente.
fonte: jardineiro.net

Autonomia de Wislawa Szymborska (1926 - 2012)


Alessandra Vaghi

Diante do perigo, a holotúria se divide em duas:
deixando uma sua metade ser devorada pelo mundo,
salvando-se com a outra metade.

Ela se bifurca subitamente em naufrágio e salvação,
em resgate e promessa, no que foi e no que será.

No centro do seu corpo irrompe um precipício

de duas bordas que se tornam estranhas uma à outra.

Sobre uma das bordas, a morte, sobre outra, a vida.
Aqui o desespero, ali a coragem.

Se há balança, nenhum prato pesa mais que o outro.
Se há justiça, ei-la aqui.

Morrer apenas o estritamente necessário, sem ultrapassar a medida.
Renascer o tanto preciso a partir do resto que se preservou.

Nós também sabemos nos dividir, é verdade.
Mas apenas em corpo e sussurros partidos.
Em corpo e poesia.

Aqui a garganta, do outro lado, o riso,
leve, logo abafado.

Aqui o coração pesado, ali o Não Morrer Demais,
três pequenas palavras que são as três plumas de um vôo.

O abismo não nos divide.
O abismo nos cerca.

tradução coletiva, publicado em Inimigo Rumor 10

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...