Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
7 de fev. de 2014
Os Mistérios do Ofício :: Anna Akhmátova
e o encanto das elegias sentimentais?
Para mim, na poesia, tudo tem de ser desmesurado,
e não do jeito como todo mundo faz.
Se vocês soubessem de que lixeira
saem, desavergonhados, os versos,
como dente-de-leão que brota ao pé da cerca,
como a bardana ou o cogumelo.
Um grito que vem do coração, o cheiro fresco de alcatrão,
o bolor oculto na parede...
E, de repente, a poesia soa, calorosa, terna,
Para a minha e tua alegria.
Tradução de Lauro Machado Coelho
6 de fev. de 2014
Amo, amas :: Rubén Darío
Konstantin Bogaevsky, 1940
Amar, amar, amar, amar sempre, com todo
O ser e com a terra e com o céu,
Com o claro do sol e o escuro do lodo;
Amar por toda ciência e amar, por todo desejo.
E quando a montanha da vida
Nos seja dura e longa e alta e cheia de abismos,
Amar a imensidade que é de amor acesa
E arder na fusão de nossos peitos mesmos!
Tradução de Maria Teresa Almeida Pina
Boniteza torta :: Cecília Meireles
não gosta dos vidrados escorridos desigualmente,
não aprecia a boniteza torta das canecas,
das jarrinhas sem equilíbrio total.
Cecília Meireles, 1953
5 de fev. de 2014
Orquídea Rhyncholaelia digbyana
Origem: encontrada no México, Belize, Guatemala, Honduras e Costa Rica
Descrição: Porte médio com flores grandes perfumadas com aroma de limão, luz abundante, clima quente para temperado
Sinônimo: Bletia digbiyana; Brassavola digbyana; Brassavola digbyana var fimbripetala; Cattleya digbyana; Laelia digbyana; Laelia digbyana var fimbripetala; Rhyncholaelia digbyanan var fimbripetala
Corpo de luz de Hilda Hilst
I
Caminhas em direção ao Sul. O que te move
É alfa, Adonai, Claríssima Morada.
Teu peito é transparência em plenitude alada
E não te vejo na distância e no tempo.
Sei que a memória é límpida cancela
E que viaja a sós, eterna.
E sendo assim, a ti te reconheço.
II
Tu não estás comigo. Nem na tua noite
De antes, de granito. Nem a tua voz
É voz entre muralhas. Estás além agora:
Arco do infinito.
III
Teu sono não é o sono vulgar.
Estendes a vigília
E apreendes através da opacidade.
Também assim
Repousa o mar.
IV
Fechou-se para o efêmero das coisas
O incomensurável da retina.
Assim pousas na Verdade:
Fronte de opalina.
V
Poeta, os homens manipulam a matéria.
Artífices do grande sonho dão -se as mãos
e é o meu canto o fruto dessa espera.
Canto como quem risca a pedra. Te celebro
Na mais alta metamorfose da minha época.
Não cantarei em vão.
VI
Há um espaço finito onde o meu canto paira.
E no multidimensional, na estrutura
Onde a realidade se refaz, tu te demoras.
Pastor, o que parecia tangível se evapora.
E sobre nós, a grande noite
Num etéreo nada, jaz.
VII
Sabias de outro tempo? O universo
Agora se parece a um grande pensamento.
Tu cantaste o espanto, asa de silêncio.
Eu canto o espírito
Que penetrou no reino da matéria:
Asa de espanto do conhecimento.
4 de fev. de 2014
Contramor :: Adélia Prado
Setsiri Silapasuwanchai
O amor tomava a carne das horas
e sentava-se entre nós.
Era ele mesmo a cadeira, o ar, o tom da voz:
Você gosta mesmo de mim?
Entre pergunta e resposta, vi o dedo,
o meu, este que, dentro de minha mãe,
a expensas dela formou-se
e sem ter aonde ir fica comigo,
serviçal e carente.
Onde estás agora?
Sou-lhe tão grata, mãe,
sinto tanta saudade da senhora…
Fiz-lhe uma pergunta simples, disse o noivo.
Por que esse choro agora?
Miserere. Record, 2014.
3 de fev. de 2014
Pensamento - Arnaldo Antunes
Pensamento que vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
sem o meu consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento.
Antunes, Arnaldo. Tudos. São Paulo: Iluminuras, 2001.
2 de fev. de 2014
Eryngium: Eríngio; Cardo, Barba-de-Cabra; Caraguatá-Branco; Carandaí; Gravatá-Branco; Língua-de-Araçari; Língua-de-Tucano
Eryngium L. é um género de cerca de 230 espécies de plantas anuais e perenes. Apresentam distribuição cosmopolita, com o centro de diversidade na América do Sul. Algumas espécies são nativas de áreas rochosas e costeiras, ainda que a maioria viva em prados. O nome do género provém do grego ērúggion que designa uma planta conhecida como "barba-de-cabra".
No Brasil, algumas espécies são designadas como "língua-de-tucano" ou eríngio.
Têm folhas glabras e, geralmente, espinhosas, com umbelas em forma de cúpula, semelhantes às inflorescências dos cardos, com um verticilo de brácteas espinhosas basais.
Eryngium maritimum (cardo-marítimo) é uma das espécies, perene, nativa da Europa e frequente nas zonas costeiras. Caracteriza-se por uma roseta basal, cinzenta pálida ou verde prateada, de onde partem caules floríferos espinhosso, podendo atingir cerca de 50 cm de altura. É uma espécie muito frequente em jardins por quem aprecia as suas flores e folhagem superior de um azul metálico.
Outras espécies usadas como plantas ornamentais em jardins são também vulgarmente designadas como cardos-marítimos, ainda que a maioria não esteja sequer associada a habitats litorais. Entre as espécies mais conhecidas está a Eryngium bourgatii, planta perene com folhagem espinhosa de cor verde forte matizada de branco prateado. Floresce no Verão, formando inflorescências azul-cobalto, especialmente atractivas para as abelhas. Tem cerca de 30 a 60 cm de altura. Entre as espécies ornamentais, podemos ainda referir a Eryngium alpinum, E. variifolium, E. tripartitum, E. bromeliifolium, e a planta bianual E. giganteum.
fonte: wikipedia
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