21 de jun. de 2014

Gilvan Barreto :: Fotografia












 http://www.gilvanbarreto.com

As coisas :: Arnaldo Antunes


As coisas têm peso,
massa,
volume,
tamanho,
tempo,
forma,
cor,
posição,
textura,
duração,
densidade,
cheiro,
valor,
consistência,
profundidade,
contorno,
temperatura,
função,
aprência,
preço,
destino,
idade,
sentido.
As coisas não têm paz.

19 de jun. de 2014

Paratodos :: Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944)


O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro

Poemeto Rural :: Abgar Renault

Valquiria Barros 
Amplo dia ardente de sertão.
Sol queimante de verão 
fuzilando auriluzente, 
em setas nos olhos da gente. 
Toadas longínquas de trabalhadores no eito. 
Gado engordando lentamente no pastinho estreito. 
Gente engordando sonolentamente dentro de casa. 
Sombras chatas de árvores estendidas no chão... Um ruflo célere de asa 
riscando, às vezes, o ar parado. Silêncio longo. Soledade. 
Monotonia do sertão... Monotonia da felicidade...

18 de jun. de 2014

Anímico de Adélia Prado

Jean-Francois Millet, 1867-1868
Nasceu no meu jardim um pé de mato
que dá flor amarela.
Toda manhã vou lá pra escutar a zoeira
da insetaria na festa.
Tem zoada de todo jeito:
tem do grosso, do fino, de aprendiz e de mestre.
É pata, é asas, é boca, é bico, é grão de
poeira e pólen na fogueira do sol.
Parece que a arvorinha conversa.

17 de jun. de 2014

Amizade :: Simone WEIL

 Nikolay Bogdanov-Belsky

A amizade não se deixa desligar da realidade, e tampouco o belo. Ela constitui um milagre, como o belo. E o milagre consiste simplesmente no fato de que ela existe. (...)
Não se deixe aprisionar por nenhuma afeição. Preserve sua solidão. No dia, se porventura ele chegar, em que uma verdadeira afeição lhe for dada, não haverá oposição entre a solidão interior e a amizade, pelo contrário. É inclusive por esse sinal infalível que você a reconhecerá.

WEIL, Simone. A gravidade e a graça. São Paulo: Martins Fontes.  p.72.

Rododendro: Azálea. Azaleastrum, Candidastrum, Hymenanthes, Mumeazalea, Pentanthera, Rhododendron, Therorhodion, Tsutsusi

 




















Rhododendron campanulatum
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Ericaceae
Género: Rhododendron
Rhododendron indicum
O rododendro é a designação comum às plantas do gênero Rhododendron L., da família das ericáceas, que reúne mais de 1000 espécies, entre elas as azáleas.
Existe também o rododendro em Bonsai. São plantas arbóreas ou arbustivas, com algumas epífitas, nativas das regiões de clima temperado do hemisfério norte. Dividem-se em oito subgêneros, sendo mundialmente cultivadas, com inúmeros híbridos, a saber:
Azaleastrum
Candidastrum
Hymenanthes
Mumeazalea
Pentanthera
Rhododendron
Therorhodion
Tsutsusi
O gênero Rhododendron está amplamente espalhado, ainda que a maior diversidade ocorre na parte sudeste da cordilheira do Himalaia, desde o centro do Nepal até o leste do Sikkim até Yunnan e Sichuan, com outras zonas também de relevante diversidade nas montanhas da Indochina, Japão e Taiwan.
Várias espécies existem também na América do Norte e na Europa (Rhododendron ponticum). Há também espécies tropicais que crescem ao sul de Bornéu e Nova Guiné. Crescem bem em solos ácidos, produzindo grandes floradas em forma de trompa e folhas ovaladas. A maioria dos rododendros florescem durante um curto período de tempo anualmente, durante o qual adquirem cores muito vivas.
Há vários locais onde se cultivam rododendros. Foram modificados para produzirem flores menores ou maiores e uma imensa variedade de cores. Um dos exemplos é o rododendro do Presidente Roosevelt. Esta variedade tem folhas chamativas variadas e flores de cor vermelha brilhante, gradualmente se tornando branca em direção ao centro.
Todos os rododendros contêm uma toxina chamada graianotoxina no pólen e o néctar, e por isso o mel produzido a partir dessas plantas é muito venenoso. O resto da planta é venenosa para os cavalos, especialmente as folhas.
O maior jardim silvestre de rododendros do mundo se encontra em Bakersville, na Carolina do Norte, Estados Unidos. Localiza-se no parque natural de Roan Mountain.
Espécies:
Rhododendron atlanticum
Rhododendron canadense
Rhododendron catawbiense
Rhododendron chapmanii
Rhododendron ferrugineum
Rhododendron groenlandicum
Rhododendron lochiae
Rhododendron luteum
Rhododendron macrophyllum
Rhododendron maximum
Rhododendron moulmainense
Rhododendron occidentale
Rhododendron ponticum
Rhododendron schlippenbachii
Rhododendron spinuliferum
Rhododendron tomentosum

A azálea  é um arbusto de flores classificadas no gênero dos rododendros. Existem azáleas de folhas caducas e azáleas perenes. É um dos símbolos da cidade de São Paulo, assim declarado pelo prefeito Jânio Quadros.
Uma das diferenças principais entre as azáleas e as demais espécies de rododendros é seu tamanho e crescimento da flor. Os rododendros desenvolvem inflorescências, enquanto a maioria das azáleas têm floradas terminais - uma para cada talo. Apesar disso, brotam tantos talos que durante as estações em que florescem formam uma sólida massa colorida que variam entre magenta, vermelho, laranja, cor de rosa, amarelo, lilás e branco.
No Brasil é comum o uso da forma azaleia; embora menos correta, é a forma mais utilizada. Deriva de azálea, termo oriundo do latim azalea criado por Lineu em 1735, que, por sua vez, se origina do gregro azalea (forma feminina de azaléos, azaléon que significa, "seco", "árido").
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

16 de jun. de 2014

Saudade demasiada e lilás :: Clarice Lispector

Tornyai Janos
É melhor eu não falar em felicidade ou infelicidade – provoca aquela saudade demasiada e lilás, aquele perfume de violeta, as águas geladas da maré mansa em espumas pela areia. Eu não quero provocar
- porque dói.

fonte:  A hora da estrela

15 de jun. de 2014

As palavras são novas :: José Saramago

Philip Wilson Steer
As palavras são novas: nascem quando
No ar as projectamos em cristais
De macias ou duras ressonâncias

Somos iguais aos deuses, inventando
Na solidão do mundo estes sinais
Como pontes que arcam as distâncias.


Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...