13 de dez. de 2014

Danielle Carcav (Natal 1977)

















ABC :: Wislawa Szymborska,


Jamais saberei
o que A. pensava de mim.

Se B. acabou por me perdoar.
Por que razão fingia C. que tudo estava bem.
Qual a quota-parte de D. no silêncio de E.
O que esperava F. se acaso algo esperava.
Por que fingia G. sabendo de tudo.
O que tinha H. a esconder.
O que queria I. acrescentar.
Se o facto de eu estar por perto,
teve algum significado
para J. e K. e para o resto do alfabeto.

12 de dez. de 2014

LUGARES COMUNS :: Ana Luísa Amaral


Entrei em Londres
num café manhoso (não é só entre nós
que há cafés manhosos, os ingleses também,
e eles até tiveram mais coisas, agora
é só a Escócia e parte da Irlanda e aquelas
ilhotazitas, mais adiante)


Entrei em Londres
num café manhoso, pior ainda que um nosso bar
de praia (isto é só para quem não sabe
fazer uma pequena ideia do que eles por lá têm), era
mesmo muito manhoso,
não é que fosse mal intencionado, era manhoso
na nossa gíria, muito cheio de tapumes e de cozinha
suja. Muito rasca.

Claro que os meus preconceitos todos
de mulher me vieram ao de cima, porque o café
só tinha homens a comer bacon e ovos e tomate
(se fosse em Portugal era sandes de queijo),
mas pensei: Estou em Londres, estou
sozinha, quero lá saber dos homens, os ingleses
até nem se metem como os nossos,
e por aí fora...

E lá entrei no café manhoso, de árvore
de plástico ao canto.
Foi só depois de entrar que vi uma mulher
sentada a ler uma coisa qualquer. E senti-me
mais forte, não sei porquê, mas senti-me mais forte.
Era uma tribo de vinte e três homens e ela sozinha e
depois eu

Lá pedi o café, que não era nada mau
para café manhoso como aquele e o homem
que me serviu disse: There you are, love.
Apeteceu-me responder: I’m not your bloody love ou
Go to hell ou qualquer coisa assim, mas depois
pensei: Já lhes está tão entranhado
nas culturas e a intenção não era má, e também
vou-me embora daqui a pouco, tenho avião
quero lá saber

E paguei o café, que não era nada mau,
e fiquei um bocado assim a olhar à minha volta
a ver a tribo toda a comer ovos e presunto
e depois vi as horas e pensei que o táxi
estava a chegar e eu tinha que sair.
E quando me ia levantar, a mulher sorriu
Como quem diz: That’s it

e olhou assim à sua volta para o presunto
e os ovos e os homens todos a comer
e eu senti-me mais forte, não sei porquê,
mas senti-me mais forte
e pensei que afinal não interessa Londres ou nós,
que em toda a parte
as mesmas coisas são

IGOR KOZLOVSKY (1956, Slobodskoi, Russia.) e MARINA SHARAPOVA (1960, Leningrado, Russia)



























11 de dez. de 2014

Abelharuco (Merops orientalis): abelheiro, abejaruco ou bejaruco, abelhuco, airute ou alrute, alderela, fulo, gralha ou gralho, lengue, melharouco ou melharuco, milharão ou milharós ou milheirós, pita-barranqueira ou pito-barranqueiro











Meropidae é uma família de aves coraciiformes que inclui os abelharucos, também conhecidos como abelheiro, abejaruco ou bejaruco, abelhuco, airute ou alrute, alderela, fulo, gralha ou gralho, lengue, melharouco ou melharuco, milharão ou milharós ou milheirós, pita-barranqueira ou pito-barranqueiro.
O grupo inclui cerca de 26 espécies, classificadas em dois géneros. Os abelharucos distribuem-se pela Europa, África e Madagascar, sul da Ásia e Austrália.
Em Portugal, são abundantes na zona do Alto Alentejo, nas zonas de montado.
São aves migratórias que vivem a maior parte do ano em latitudes elevadas, migrando para zonas tropicais e subtropicais na época de reprodução.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O gato e o pássaro :: Jacques Prévert

O gato e o pássaro Uma cidade escuta desolada O canto de um pássaro ferido É o único pássaro da cidade E foi o único gato da cidade Que o de...