19 de jul. de 2015

Poema destinado a haver domingo :: Natália Correia

Nikolaos Lytras
Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.

Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.

Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.

Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre

Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.



Natália Correia
Poesia Completa
Publicações Dom Quixote
1999

Jacarandá de espinho, bico-de-pato, jacaranda-bico-de-pato (Machaerium hirtum)







Família: Fabaceae (Leguminosae) Subfamília Papilionoideae. 
Nome científico: Machaerium nyctitans (Vell.)
Árvore perenifólia, hermafrodita, heliófita, pioneira a secundária inicial. Sua altura atinge até 25 m e seu diâmetro 45 cm.
Flores:  Sua corola é  de cor vinho.
Fruto: Sâmara, falciforme.
Floração: Janeiro/Abril.Frutificação: Março/Dezembro. 
Ocorrência: Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul. 
Utilização: Lenha

18 de jul. de 2015

Desenhos de Sylvia Plath

“Desenhar me dá uma sensação de paz tão grande; mais do que a oração, os passeios, qualquer coisa. Consigo fechar-me totalmente na linha, perder-me nela”










Desenhos. Biblioteca Azul, 2013. 

Por um Rosto Chego ao Teu Rosto :: Helder Moura Pereira

James McNeill Whistler

Por um rosto chego ao teu rosto,
noutro corpo sei o teu corpo.
Num autocarro, num café me pergunto
porque não falam o que vai
no seu silêncio aqueles cujo olhar
me fala da solidão.
Esqueço-me de mim. Tão quieto
pensando na sua pouca coragem, a minha
sempre adiada. Por um rosto
chegaria o teu rosto, mesmo de um convite
ousado fugiria, esta mão conhece-te
e desenha no ar o hábito
por que andou antes de saíres
do espaço à sua volta. Estás longe,
só assim podes pedir algumas horas
aos meus dias. Sem fixar a voz
a tua voz é uma corda, a minha
um fio a partir-se.

17 de jul. de 2015

Ovelhas e Bibliotecas: Sofrimentos :: Ana Luísa Amaral

É um certo tom que eu não sei derivar
como devia: uma transparência, um esbatimento,
a abstracção das coisas.
A ovelha a meio do campo, vista deste combóio,
sofre só dessa terrível solidez: ovelha

O mesmo se passa com a minha cozinha, ou
um livro, ou uma emoção:
um assado bem feito pode superar
qualquer capítulo bem anotado,
o cheiro das cebolas é às vezes
mais transcendente
do que tantos caracteres
a que f'aIta sal

Neste momento, está atrasado o combóio,
um inter-regional que pára nas estações todas,
mas há sol, e assim fico a conhecer
os apeadeiros portugueses, e talvez me sirvam
de poema mais tarde, e tenho o privilégio
de me comover com os seus tons
floridos

Agora a linha é mais simples e estreita,
correndo, paralela, à Estrada Nacional,
uma linha de frase básica,
só com os elementos principais.
Mas, às vezes, a ovelha que a atravessa, secante,
dá-lhe uma certa vírgula romântica

É num tom desses que eu me sei mover.:
no intermédio cruzamento
dos portões do real,
nas despensas do mundo

Essas em que guardo o resto dos temperos,
um ou outro feitiço
no Livro de Receitas -



in Mealibra
Revista de Cultura
nº 11

OS TECIDOS DO CÉU :: William Butler Yeats


Tivesse eu do céu as bordadas vestes
Trabalhadas com ouro e prateada luz
O azul e o escuro e a negra veste
Da noite e a luz e a meia-luz
Eu espalharia as vestes sob teus pés
Mas, sendo pobre, tenho só meus sonhos
Eu espalhei meus sonhos sob teus pés
Pise com calma, pois pisa em meus sonhos.

tradução de Lucas Bertolo
* * *

OS TECIDOS DO CÉU

Se eu tivesse os tecidos bordados dos céus,
ornados de ouro e prata em luz,
panos azuis foscos breus
da noite, luz, e da meia-luz,
estenderia os tecidos sob teus pés.
Mas, pobre, tenho apenas sonhos;
são eles que estendo sob teus pés.
Pise devagar, você está pisando nos meus sonhos.

tradução de Bruno D’Abruzzo

* * *

AEDH DESEJA OS TECIDOS DO CÉU

Se eu tivesse, do céu, os tecidos
Drapejados, bordados com luz
De ouro e prata, e os escuros tecidos
Azuis da noite e a meia-luz
E a luz, deitava-os sob os teus pés:
Mas, pobre, tenho apenas meus sonhos;
Deitei meus sonhos sob os teus pés;
Pisa de mansinho, pois são meus sonhos.

tradução de André Vallias

* * *

Ele deseja os tecidos bordados do paraíso

Tivesse eu os tecidos bordados do paraíso,
Adornados com luz dourada e prateada,
Os azuis, sombrios e escuros tecidos
Da noite e da luz e da meia-luz,
Eu os estenderia sob seus pés:
Porém, sendo pobre, tenho apenas meus sonhos;
Eu estendi meus sonhos sob seus pés;
Pise suavemente porque você está pisando em meus sonhos.

Tradução  de Ricardo Cabús

* * *

AEDH DESEJA OS TECIDOS DO CÉU

Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.

Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos

* * *

AS SEDAS BORDADAS DO CÉU

Se eu tivesse as sedas bordadas do céu,
com bainhas de luz de ouro e de prata,
as sedas azuis e sombrias e escuras,
da noite e da luz e da meia-luz,

deitava-as todas aos teus pés.

Mas eu sou pobre e só tenho os meus sonhos.
Deitei-os todos aos teus pés.
Pisa com cuidado,
é nos meus sonhos que estás a pisar.

Tradução  de Miguel Esteves Cardoso

* * *

ELE DESEJA OS MANTOS DO CÉU

Se eu tivesse os mantos bordados do céu,
Envoltos com luz de ouro e prata,
Os azuis e os cerúleos e os escuros mantos
Da noite e da luz e da meia-luz,
Eu estenderia os mantos sob teus pés;
Mas eu, por ser pobre, só tenho os meus sonhos;
Eu estendi os meus sonhos sob teus pés;
Pisa com cuidado porque pisas nos meus sonhos.

tradução de Rachel Gutiérrez

***

AEDH WISHES FOR THE CLOTHS OF HEAVEN

Had I the heavens’ embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams. 

JESSER VALZACCHI (CATANDUVA, SAO PAULO )














16 de jul. de 2015

Começo ::MIA COUTO


Começo a chorar
do que não finjo
porque me enamorei
de caminhos
por onde não fui
e regressei
sem ter nunca partido
para o norte aceso
no arremesso da esperança

Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis )










Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Psitaciformes
Família: Psittacidae
Género: Amazona
Espécie: A. brasiliensis
Nome binomial
Amazona brasiliensis
Linnaeus, 1758
O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) é um papagaio originalmente encontrado nos estados brasileiros de São Paulo ao Rio Grande do Sul, e atualmente restrito ao sudeste do litoral paulista, e no Paraná, virando uma das principais atrações do Parque Nacional de Superagüi . Um estudo recente demonstra que as populações da espécie estão estáveis no estado, embora tenham sido registradas flutuações populacionais nos últimos 12 anos no litoral do estado .
A ave faz os seus ninhos nos ocos de árvores altas, preferindo as palmeiras, e geralmente nas regiões costeiras da Mata Atlântica. Tal espécie chega a medir 36 cm de comprimento e possui testa e loros vermelhos, cabeça com lados azuis, vértice e garganta arroxeados, cauda com a ponta amarelo-esverdeada e uma faixa subterminal vermelha. Está ameaçado de extinção.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

O Papagaio-de-Cara-Roxa é uma ave originária do Brasil, só encontrada em poucas áreas da nossa Mata Atlântica. Em São Paulo podemos vê-los cruzando o céu nas cidades de Ilha Comprida, Iguapé, Cananéia e Guaraqueçaba. Fora deste estado só é encontrado na cidade de Paranaguá, no Paraná.
São aves que medem cerca de 35-37 cm de comprimento, com penas em geral verdes, parte frontal da face vermelha, partes laterias do rosto azul e roxo.
São aves bastante barulhentas, de hábitos diurnos e que se alimentam de frutas, sementes e flores. Vivem em casais ou em bandos no inverno, de até 400 indivíduos.
Seu período reprodutivo vai de Setembro até Fevereiro e seus ninhos são construídos nos troncos ocos de árvores altas, dentro de densas matas. A fêmea faz a postura de até 4 ovos e dentre esses apenas 3 filhotes no máximo nascerão. O período de incubação durá 26 dias. Os pais cuidam da alimentação dos filhos até estes estarem prontos e preparados para sobreviver.
É uma espécie seriamente ameaçada de extinção. Sendo nascido e criado em poucas áreas das matas, o Papagaio-de-Cara-Roxa vive em uma área muito restrita e sua população sofre um grande declínio. São muito capturados para tráfico de animais.  Isto junto com a  destruição do seu habitat para a extração de madeira e criação de plantações, são as principais causas de sua quase extinção.
A construção de casas de praia, plantações em geral, pastos para gados e utilização de árvores para a construção de barcos, acabam com a pouca mata que ainda existe para a sobrevivência do Papagaio-de-Cara-Roxa. Estimativas mostram que em São Paulo deva existir 1.600 indivíduos e no Paraná, cerca de 3.400.
Nada é feito por autoridades visando preservar a espécie. Interesses econômicos impedem isso! Leis contra a captura destas aves existem, mas não são cumpridas. Em breve essa criatura inteligente , o nosso único papagaio vai deixar de existir.
fonte: http://sociedadedosanimais.blogspot.com.br/2015/05/papagaio-de-cara-roxa-pesquise-e.html

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...