Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
14 de dez. de 2015
Brilha :: E.E. Cummings
A Função do Amor é Fabricar Desconhecimento
(o conhecido não tem desejo; mas todo o amor é desejar)
embora se viva às avessas, o idêntico sufoque o uno
a verdade se confunda com o facto, os peixes se gabem de pescar
e os homens sejam apanhados pelos vermes (o amor pode não se importar
se o tempo troteia, a luz declina, os limites vergam
nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela
—o medo tem morte menor; e viverá menos quando a morte acabar)
que afortunados são os amantes (cujos seres se submetem
ao que esteja para ser descoberto)
cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder
mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver
(que riem e choram) que sonham,criam e matam
enquanto o todo se move;e cada parte permanece quieta:
pode não ser sempre assim; e eu digo
que se os teus lábios, que amei, tocarem
os de outro, e os teus ternos fortes dedos aprisionarem
o seu coração, como o meu não há muito tempo;
se no rosto de outro o teu doce cabelo repousar
naquele silêncio que conheço, ou naquelas
grandiosas contorcidas palavras que, dizendo demasiado,
permanecem desamparadamente diante do espírito ausente;
se assim for, eu digo se assim for—
tu do meu coração, manda-me um recado;
para que possa ir até ele, e tomar as suas mãos,
dizendo, Aceita toda a felicidade de mim.
E então voltarei o rosto, e ouvirei um pássaro
cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.
in: livrodepoemas. Tradução de Cecília Rego Pinheiro
(o conhecido não tem desejo; mas todo o amor é desejar)
embora se viva às avessas, o idêntico sufoque o uno
a verdade se confunda com o facto, os peixes se gabem de pescar
e os homens sejam apanhados pelos vermes (o amor pode não se importar
se o tempo troteia, a luz declina, os limites vergam
nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela
—o medo tem morte menor; e viverá menos quando a morte acabar)
que afortunados são os amantes (cujos seres se submetem
ao que esteja para ser descoberto)
cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder
mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver
(que riem e choram) que sonham,criam e matam
enquanto o todo se move;e cada parte permanece quieta:
pode não ser sempre assim; e eu digo
que se os teus lábios, que amei, tocarem
os de outro, e os teus ternos fortes dedos aprisionarem
o seu coração, como o meu não há muito tempo;
se no rosto de outro o teu doce cabelo repousar
naquele silêncio que conheço, ou naquelas
grandiosas contorcidas palavras que, dizendo demasiado,
permanecem desamparadamente diante do espírito ausente;
se assim for, eu digo se assim for—
tu do meu coração, manda-me um recado;
para que possa ir até ele, e tomar as suas mãos,
dizendo, Aceita toda a felicidade de mim.
E então voltarei o rosto, e ouvirei um pássaro
cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.
in: livrodepoemas. Tradução de Cecília Rego Pinheiro
13 de dez. de 2015
Capim-limão, capim santo ou capim cidreira (Erva-Príncipe em Portugal) Cymbopogon citratus
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Poaceae
Género: Cymbopogon
Espécie: C. citratus
Nome binomial
Cymbopogon citratus
Erva-príncipe (Portugal) ou capim-limão (Brasil), também conhecido por capim santo ou capim cidreira, é uma planta herbácea da família Poaceae, nativa das regiões tropicais da Ásia, especialmente da Índia. Cresce numa moita de rebentos (planta cespitosa), propagando-se por estolhos (por isso chamada de estolonífera), os quais apresentam folhas amplexicaules linear-lanceoladas. As suas inflorescências são constituídas por panículas amareladas.
A planta é também chamada de Cymbopogon (nardus) citratus ou pelos sinônimos botânicos Andropogon ceriferus, Andropogon citratus, Andropogon citriodorum, Andropogon nardus ceriferus, Andropogon roxburghii e Andropogon schoenanthus. Outros nomes populares são belgate, belgata, chá-de-estrada, chá-príncipe (ou apenas príncipe), chá-do-gabão, capim-cidrão, capim-cidrilho, capim-cidró, capim-santo, capim-de-cheiro, capim da lapa, citronela (erroneamente),1 capim-cheiroso, capim-catinga, patchuli, pachuli, capim-marinho, capim-membeca, palha de camelo, esquenanto e chá de caxinde (em Angola), caninha-de-cheiro ou cana-de-cheiro.
É uma planta usada em medicina popular, sendo, para esse efeito, utilizadas as folhas que, em infusão, têm propriedades febrífugas, sudoríficas, analgésicas, calmantes, anti-depressivas, diuréticas e expectorantes, além de ser bactericida, hepatoprotectora, antiespasmódica, estimulante da circulação periférica e estimulante estomacal e da lactação. Os compostos químicos a que se devem estas propriedades são citral, geraniol, metileugenol, mirceno, citronelal, ácido acético e ácido capróico. Tais componentes e, mais especificamente, o citral dão-lhe um aroma semelhante à lúcia-lima, bela-luísa ou limonete (Aloysia triphylla). Da sua inflorescência extrai-se um óleo essencial utilizado em repelentes de insectos.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Canção III :: Hilda Hilst
A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?
12 de dez. de 2015
Há dias :: Eugénio de Andrade
Maurice Prendergast
Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo
nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-se comigo
quero eu dizer :
com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura
dura ainda.
11 de dez. de 2015
A noite e a mulher :: Eduardo Galeano
Edvard Munch
A noite/1Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.
A noite/2
Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo.
A noite/3
Eles são dois por engano. A noite corrige.
A noite/4
Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua.
A lua tem duas noites de idade.
Eu, uma.
O livro dos abraços. L&PM Editores, 2005.
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