8 de ago. de 2016

Limites de Sophia de Mello Breyner Andresen (1914-2004)

Ferdinand Hodler


Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes


7 de ago. de 2016

Os Gêmeos (OsGemeos)






















Os Gêmeos (também grafado OsGemeos) são uma dupla de irmãos gêmeos grafiteiros de São Paulo, nascidos em 1974, cujos nomes reais são Otávio e Gustavo Pandolfo. Formados em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, começaram a pintar grafites em 1987 no bairro em que cresceram, o Cambuci, e gradualmente tornaram-se uma das influências mais importantes na cena paulistana, ajudando a definir um estilo brasileiro de grafite.
Os trabalhos da dupla estão presentes em diferentes cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de retratos de família à crítica social e política; o estilo formou-se tanto pelo hip hop tradicional como pela pichação.
Em 22 de maio de 2008, executaram a pintura da fachada da Tate Modern, de Londres, para a exposição Street Art, juntamente com o grafiteiro brasileiro Nunca, o grupo Faile, de Nova York; JR, de Paris; Blu, da Itália; e Sixeart, de Barcelona.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

6 de ago. de 2016

Chove - Il Pleut: Apollinaire (1880-1918)

Chove
Chove
Está triste
Choveu essa manhã

Chove
Para apreender-me
Sem parecer desonesta

Chove
Nessas gotas de chuva
Minha dúvidas fogem
Não estou mais entediada
Chove
Mas não é a chuva
Que ocupa minhas noites

Chove
Está triste
Choveu essa manhã

Ele quer
Fazer de mim uma rainha
Será que eu valho a pena?

Chove
Nessas gotas de chuva
Minha dúvidas fogem
Não estou mais entediada
Chove
Mas não é a chuva
Que ocupa minhas noites


.................

Il Pleut
Il pleut
C'est malheureux
Il pleut depuis ce matin

Il veut
S'emparer de mon être
Sans paraître malhonnête

Il pleut
Dans ces gouttes de pluie
Mes doutes s'enfuient
Je ne m'ennuie plus
Il pleut
Mais ce n'est pas la pluie
Qui occupe mes nuits

Il pleut
C'est malheureux
Il pleut depuis ce matin

Il veut
Faire de moi une reine
Est-ce que j'en vaux la peine ?

Il pleut
Dans ces gouttes de pluie
Mes doutes s'enfuient
Je ne m'ennuie plus
Il pleut
Mais ce n'est pas la pluie
Qui occupe mes nuits


4 de ago. de 2016

Aula de Português :: Carlos Drummond de Andrade.

 Diego Gutiérrez, 1562.
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esquecia língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.


Carlos Góes (1881-1934), “lente catedrático de português do Ginásio Mineiro e brilhante literato” (LYCEU, 1924), nasceu no Rio de Janeiro em 10/10/1881.

3 de ago. de 2016

Bruno Vilela (Recife, 1977)











Sozinha :: Tamara Kamenszain


Agora que enfim estou desvelada
como que para comprovar que algo cresci
sei que não só o sorriso daquele homem
como também seus gestos
e que não só esses gestos
como também suas palavras
tudo me alcança posso caminhar
acrobata cambaleante porém segura
pela corda bamba da minha própria casa


(tradução de Guilherme Gontijo Flores)

........
Sola
Ahora que por fin estoy desvelada
como para comprobar que algo crecí
sé que no solo la sonrisa de aquel hombre
sino también sus gestos
y que no solo ésos gestos
sino también sus palabras
todo me alcanza puedo caminar
acróbata tambaleante pero segura
por la cuerda floja de mi propia casa

2 de ago. de 2016

Epitáfio :: Juan Guelman

Chagall
Um pássaro vivia em mim.
Uma flor viajava no meu sangue.
Meu coração era um violino.
Quis ou não quis. Mas às vezes
me quiseram. Também me
alegravam: a primavera,
as mãos juntas, o feliz.
Digo que o homem deve sê-lo!
Aqui jaz um pássaro.
Uma flor.
Um violino.
................................

Un pájaro vivía en mí.
Una flor viajaba en mi sangre.
Mi corazón era un violín.
Quise o no quise. Pero a veces
me quisieron. También a mí
me alegraban: la primavera,
las manos juntas, lo feliz.
¡Digo que el hombre debe serlol
Aquí yace un pájaro.
Una flor.
Un violín.

1 de ago. de 2016

Dias brancos :: Silvana Conterno

Dias brancos
O coração reluta com o cotidiano
não quer dias brancos, iguais
que se apagarão da memória
Quer a magia, o inesperado
e por isto espera
Essa espera é a vida

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...