não tenho asas para tanto paraíso
Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
16 de ago. de 2016
15 de ago. de 2016
BASTA :: Juan Gelman
basta
nada quero mais da morte
nada quero mais da dor ou sombras basta
meu coração é esplêndido como uma palavra
meu coração se tornou belo como o sol
que sai voa canta meu coração
é desde cedo um passarinho
e depois é o teu nome
teu nome se eleva todas as manhãs
esquenta o mundo e declina
solitário em meu coração
sol em meu coração.
Tradução de Antonio Miranda
14 de ago. de 2016
Infância :: Carlos Drummond de Andrade
Ferdinand Hodler
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
13 de ago. de 2016
11 de ago. de 2016
10 de ago. de 2016
Foto:: Juan Gelman (Buenos Aires, 3 de mayo de 1930 - México DF, 14 de enero de 2014)
Na fotografia que teus olhos tornam doce
há teu rosto de perfil, tua boca, teus cabelos,
mas quando vibrávamos de amor
debaixo da maré da noite e do clamor da cidade
teu rosto é uma terra sempre desconhecida
e esta fotografia o esquecimento, outra coisa
..........
En la fotografía que tus ojos vuelven dulce
hay tu rostro de perfil, tu boca. tus cabellos,
pero cuando vibrábamos de amor
bajo el oleaje de la noche y el clamor de la ciudad
tu rostro es una tisna siempre desconocída
y esta fotografia el olvido, otra cosa.
Edição bilingüe .Trad. de Eric Nepomuceno. Rio de Janeiro: Record, 2001. 160 p.
9 de ago. de 2016
8 de ago. de 2016
Limites de Sophia de Mello Breyner Andresen (1914-2004)
Ferdinand Hodler
Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes
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Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
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