Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
20 de jan. de 2019
19 de jan. de 2019
15 de jan. de 2019
14 de jan. de 2019
Não há dor que dure para sempre! :: Chico Buarque de Holanda
Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre!
Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos!
E apesar de saber de tudo isso. Por que algumas dores duram tanto?
Por que alguns sentimentos (diga-se de passagem os mais ridículos) demoram tanto a passar?
Por que olhar pra ele reaviva esperanças perdidas e suscitas lágrimas quentes até então contidas?
Por que o cérebro ainda não inculcou no coração que esquecer faz bem a saúde?
Por que tudo não pode ser como um bonito filme francês?
Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos!
E apesar de saber de tudo isso. Por que algumas dores duram tanto?
Por que alguns sentimentos (diga-se de passagem os mais ridículos) demoram tanto a passar?
Por que olhar pra ele reaviva esperanças perdidas e suscitas lágrimas quentes até então contidas?
Por que o cérebro ainda não inculcou no coração que esquecer faz bem a saúde?
Por que tudo não pode ser como um bonito filme francês?
Leite Derramado
13 de jan. de 2019
Carta a Ute, desaparecida na noite de ontem :: Roberto Taddei
Querida Ute,
Desisti de buscar no passado qualquer justificativa para explicar
como vamos vivendo sem poesia nesse país esses dias
Poderia me esforçar para dizer como foram feitas as escolhas
da minha geração e as minhas e separar as reativas das reacionárias
Mas você sabe muito bem que as histórias são mentirosas
e eu faria papel de palhaço aqui
A verdade é que não somos nós quem decidimos as coisas, Ute.
Fazemos apenas na medida em que nos restam os espaços para tanto
E é sobre isso que escrevo,
É o que tentei dizer ontem mas você
tendo estado o tempo todo sob efeito de entorpecentes
não teve disposição para ouvir.
Ainda assim é preciso falar sobre essa condição inevitável do poeta contemporâneo
É nos espaços que está a poesia, ou que se forma a poesia, talvez.
Como se forma a poesia é questão da qual trataremos outro dia
Falo dos espaços, Ute. Não de apartamentos ou quartos, com janelas e vistas amplas
para rios e praias, montanhas ou esquinas com quatro ou cinco cantos
Mas os espaços entre as coisas, especificamente entre os seres,
que é o espaço que se transfigura em tempo, Ute.
E tempo é poesia,
E é também silêncio.
12 de jan. de 2019
10 de jan. de 2019
Em todos os jardins :: Sophia Mello Breyner
Alfredo Volpi
Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.
Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.
Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como um beijo.
Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.
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