Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
21 de jul. de 2024
11 de jul. de 2024
Diáspora:: Marcílio Godoi
Os irmãos eram tão próximos
todos vindos do oco de goiáiz, como diziam
e juntos pareciam o mesmo e único filho
em nove diferentes
corpos.
Praticávamos a coesão por virtude
por medo e falta de opção também.
A casa estava repleta de nós, bichinhos
atracados uns nos outros
feito cria de rato e gataria.
Com o tempo, ao tempo
fomos deixando de ser só aquele um
para sermos indivíduos outros
tateando o próprio modo
de se estar no mundo
em outros núcleos
numa sequência de despedidas
que embaciavam os olhos da mãe
e adensavam o silêncio do pai.
Então, do material de que a gente foi feito
fizeram-se outras bases
que agora se agregam em torno
da unidade própria de cada grupo
seu oco
suas idiossincrasias, essa palavra.
Assim foi que um dia
a diáspora
da mãe e do pai chegou a novos nove termos
e em não vendo seu fim, seguiu
vida afora, no rumo de sua própria
dissipação.
Esparsos, os novos laços
também se desfizeram
tendo sobrado só um ou outro fio
mais reticente, grudado
na trama da memória
como Páramo e Comala
no destino clandestino do clã.
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