Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
17 de dez. de 2009
Silêncio
9 de nov. de 2009
Natureza e sobreviência
Dersu retrata de maneira poética e sensível as diferenças culturais entre um caçador e um pesquisador (topógrafo) russo quanta se trata de natureza e sobrevivência. A fotografia é belíssima, mostrando as paisagens naturais da Sibéria. Impressionou-me na época.
1 de nov. de 2009
Antes do nome
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
Adélia Prado, "Bagagem"
25 de out. de 2009
Paciência de Lenine
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Finjo ter paciência
E o mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não)
21 de out. de 2009
O que sou então? de Clarice Lispector
imagem: Clarice Lispector
O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.18 de out. de 2009
Questão de pontuação de João Cabral de Melo Neto
Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);
viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.
11 de out. de 2009
4 de out. de 2009
Mandamentos de Fernando Pessoa
1. Não tenhas opiniões firmes, nem creias demasiadamente no
valor de tuas opiniões.
2. Sê tolerante, porque não tens a certeza de nada.
3. Não julgues ninguém, porque não vês os motivos, mas só os
actos...
4. Espera o melhor e prepara-te para o pior.
5. Não mates nem estragues, porque, como não sabes o que é a
vida, excepto que é um mistério, não sabes que fazes matando ou estragando, nem
que forças desencadeias sobre ti mesmo se estragares ou matares.
6. Não queiras reformar nada, porque, como não sabes a que
leis as coisas obedecem, não sabes se as leis naturais estão de acordo, ou com
a justiça, ou, pelo menos, com a nossa ideia de justiça.
7. Faz por agir como os outros e pensar diferentemente
deles. Não cuides que há relação entre agir e pensar. Há oposição. Os maiores
homens de acção têm sido perfeitos animais na inteligência. Os mais ousados
pensadores têm sido incapazes de um gesto ousado ou de um passo fora do
passeio.
Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita
Lopes. Lisboa: Estampa, 1990
Imperfeita
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
"Júbilo, memória, noviciado da paixão" , de Hilda Hilst
21 de set. de 2009
20 de set. de 2009
Sonhos da razão
El hombre moderno tiene la pretensión de pensar despierto. Pero este despierto pensamiento nos ha llevado por los corredores de una sinuosa pesadilla, en donde lo espejos de la razón multiplican la cámaras de tortura. Al salir, acaso, descubriremos que habíamos soñado com los ojos abiertos y que los sueños de la razón son atroces. Quizá, entonces, empezamos a soñar outra vez com los ojos cerrados.
PAZ, Octavio. El Laberinto de la Soledad. p. 191.
PAZ, Octavio. El Laberinto de la Soledad. p. 191.
A arte de abandonar
foto: Clarice Lispector
Saber
desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador.
A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a
situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir
jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem
teimosamente esperando que aconteça alguma coisa? como, digamos, o próprio fim
do mundo? ou seja lá o que for, como a minha morte súbita, hipótese que
tornaria supérflua a minha desistência?
Clarice Lispector In: Um sopro de vida
13 de set. de 2009
Sonhos
Há sonhos que devem ser ressonhados, projetos que não podem ser esquecidos..."
"Estar sendo. Ter sido" de Hilda Hilst
7 de set. de 2009
16 de ago. de 2009
Paisley
Gombad Mosque (ano 800–900; Balkh, Afeganistão)
Boteh é a palavra persa usada para descrever a flor em
botão ou folha de palmeira sendo que na tapeçaria persa este motivo
é freqüentemente encontrado em grupo ou isoladamente em intrincados desenhos. O motivo é interpretado de várias formas: chamas, gotas
de lágrima, o fruto da pinha, a pera e também o cipreste. Muito comum na região de Caxemira
(Índia) em lenços e xales foi copiado pelos ingleses e reproduzido em tecelagens
da cidade de Paisley (Escócia) ficando conhecido então por este nome.
O paisley foi símbolo do movimento hippie, especialmente da
contracultura, apropriado talvez pela
conotação sofisticada dada pelos aristocratas britânicos onde era usado
em gravatas, camisas e vestidos de seda, além dos xales de caxemira.
9 de ago. de 2009
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