Pau-brasil (Caesalpinia echinata)
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Caesalpinioideae
Género: Caesalpinia
Espécie: C.
echinata Lam.
Lam. 1785
Guilandina echinata (Lam.) Spreng.
O pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.), também chamado
arabutã, ibirapiranga, ibirapitanga, ibirapitá, orabut], pau-de-pernambuco,
pau-de-tinta, pau-pernambuco e pau-rosado, é uma leguminosa nativa da Mata
Atlântica, no Brasil.
A madeira do pau-brasil pode ser, talvez, a mais valiosa do mundo atualmente; é considerada incorruptível, por não apodrecer e não ser atacada por insetos. Seu uso, dadas a escassez e a proteção, restringe-se ao fabrico de arcos de violinos, canetas e joias.
"Brasil" deriva do francês brésil, que deriva do
toscano verzino, que era o nome da madeira utilizada na tinturaria na Itália.
Verzino, por sua vez, deriva do árabe wars, que designa uma planta tintória do
Iêmen. Caesalpinia é uma homenagem ao médico e botânico de Arezzo, na Itália,
Andrea Cesalpino, por parte do frade e botânico francês Charles Plumier Echinata significa, traduzido do latim, "com espinhos". É uma
referência ao fato de as vagens do pau-brasil terem espinhos, fato único dentro
de seu gênero, o Caesalpinia. "Arabutã", "ibirapitanga",
"ibirapiranga", "ibirapitá" e "orabutã" são
derivados dos termos tupis ïbi'rá, "pau" e pi'tãga,
"vermelho".
A árvore alcança entre dez e quinze metros de altura e
possui tronco reto, com casca cor cinza-escuro, coberta de acúleos,
especialmente nos ramos mais jovens. As folhas são compostas bipinadas, de cor
verde médio, brilhantes. As flores nascem em racemos eretos próximo ao ápico
dos ramos. Possuem quatro pétalas amarelas e uma menor vermelha, muito
aromáticas; no centro, encontram-se dez estames e um pistilo com ovário súpero
alongado.
Os frutos são vagens cobertas por longos e afiados espinhos,
que devem protegê-los de pássaros indesejáveis, pois estes comeriam os frutos.
Contém de uma a cinco sementes discoides, de cor marrom. A torção do legume, ao
liberar as sementes, ajuda a aumentar a distância da dispersão.
Ocorrência
Na floresta ombrófila densa da Mata Atlântica, a partir do
Rio de Janeiro até o extremo nordeste, ou seja, nos estados de Alagoas, Bahia,
Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande
do Norte, e Sergipe.
Encontra-se na lista do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de espécies ameaçadas de extinção
na categoria "vulnerável" e na da União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais na categoria "em
perigo"
O município pernambucano de São Lourenço da Mata possui,
hoje, a maior reserva nativa da espécie. A Reserva Tapacurá possui,
aproximadamente, 100 000 pés de pau-brasil.
Usos e História
Afirmam alguns historiadores que o corte do pau-brasil para
a obtenção de sua madeira e sua resina (extraída para uso como tintura em
manufaturas de tecidos de alto luxo) foi a primeira atividade econômica dos
colonos portugueses na recém-descoberta Terra de Santa Cruz, no século XVI e que
a abundância desta árvore no meio a imensidão das florestas inexploráveis teria
conferido à colônia o nome de Brasil.
Na realidade, no século XV uma árvore asiática semelhante,
com o mesmo nome Brazil, já era usada para os mesmos fins e tinha alto valor na
Europa, porém era escassa. Os navegadores portugueses que aqui aportaram
imediatamente observaram a abundância da árvore pelo litoral e ao longo dos
rios de planície. Em poucos anos, tornou-se alvo de muito lucrativo comércio e
contrabando, inclusive com corsários franceses atacando navios portugueses. Foi
uma das expedições de corsários liderada por Nicolas Durand de Villegaignon, em
1555, que estabeleceu uma colônia que hoje se chama Rio de Janeiro (a França
Antarctica). A planta foi citada em Flora Brasiliensis por Carl Friedrich
Philipp von Martius.
A resina vermelha era utilizada pela indústria têxtil
europeia como uma alternativa aos corantes de origem terrosa e conferia aos
tecidos uma cor de qualidade superior. Isto, aliado ao aproveitamento da madeira
vermelha na marcenaria, criou uma demanda enorme no mercado, o que forçou uma
rápida e devastadora "caça" ao pau-brasil nas matas brasileiras. Em
pouco menos de um século, já não havia mais árvores suficientes para suprir a
demanda, e a atividade econômica foi deixada de lado, embora espécimens
continuassem a ser abatidos ocasionalmente para a utilização da madeira (até os
dias de hoje, usada na confecção de arcos para violino e móveis finos).
O fim da caça ao pau-brasil não livrou a espécie do perigo
de extinção. As atividades econômicas subsequentes, como o cultivo da
cana-de-açúcar e do café, além do crescimento populacional, estiveram aliadas
ao desmatamento da faixa litorânea, o que restringiu drasticamente o habitat
natural desta espécie. Mas sob o comando do Imperador Dom Pedro II, vastas
áreas de Mata Atlântica, principalmente no estado do Rio de Janeiro, foram
recuperadas, e iniciou-se uma certa conscientização preservacionista que freou
o desmatamento. Entretanto, já se considerava o pau-brasil como uma árvore
praticamente extinta.
No século XX, a sociedade brasileira descobriu o pau-brasil
como um símbolo do país em perigo de extinção, e algumas iniciativas foram
feitas no sentido de reproduzir a planta a partir de sementes e utilizá-la em
projetos de recuperação florestal, com algum sucesso. Atualmente, o pau-brasil
tornou-se uma árvore popularmente usada como ornamental. Se seu habitat natural
será devastado por completo no futuro, não se sabe, mas a sobrevivência da
espécie parece assegurada nos jardins das casas e canteiros urbanos.
Em 1924, Oswald de Andrade fez um manifesto sobre a nova
poesia brasileira intitulado "Manifesto da Poesia Pau-Brasil".
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