18 de mar. de 2015

Max Ernest (2 de abril de 1891, Brühl, Alemanha — 1 de abril de 1976, Paris)



















Vive : Fernando Pessoa

Felix Vallotton
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as coisas que existem, não o tempo que as mede.

O que é o presente?
É uma coisa relativa ao passado e ao futuro.
É uma coisa que existe em virtude de outras coisas existirem.
Eu quero só a realidade, as coisas sem presente.

Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar
nelas como coisas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.

Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê. 
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.

Poemas Inconjuntos

In: Fernando Pessoa – Antologia Poética. 
Editora Ulisses


17 de mar. de 2015

Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945 — São Paulo, 19 de janeiro de 1982)


Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945  — São Paulo, 19 de janeiro de 1982). Conhecida por sua presença de palco, sua voz e sua personalidade. Com os sucessos de Falso Brilhante e Transversal do Tempo, ela inovou os espetáculos musicais no país e era capaz de demonstrar emoções tão contrárias, como a melancolia e a felicidade, numa mesma apresentação ou numa mesma música.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Elis_Regina

Não Comerei da Alface a Verde Pétala : Vinicius de Moraes ( Rio de Janeiro 19 de outubro de 1913 - de 9 de julho de 1980 )

Zacharias Wagner 

Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: deem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

16 de mar. de 2015

Orquídea-grapete – Spathoglottis unguiculata: Orquídea-cheiro-de-uva, Orquídea-uva





Nome Científico: Spathoglottis unguiculata
Sinonímia: Limodorum unguiculatum, Spathoglottis breviscapa, Spathoglottis schinziana
Nomes Populares: Orquídea-grapete, Grapete, Orquídea-cheiro-de-uva, Orquídea-uva
Família: Orchidaceae
Categoria: Flores, Orquídeas
Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical
Origem: Nova Caledônia, Oceania, Vanuatu, Wallis e Futuna
Altura: 0.3 a 0.4 metros, 0.4 a 0.6 metros, 0.6 a 0.9 metros
Luminosidade: Meia Sombra, Sol Pleno
Ciclo de Vida: Perene
fonte: jardineiro.net

Zadok Ben-David (Bayhan, Iemen, 1949)

















15 de mar. de 2015

Avó de José Saramago



Tu estavas, avó, sentada na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabias e por onde nunca viajarias, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e disseste, com a serenidade dos teus noventa anos e o fogo de uma adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer.» Assim mesmo. Eu estava lá.
[...]
Entre os bacorinhos acabados de nascer aparecia de vez em quando um ou outro mais débil que inevitavelmente sofreria com o frio da noite, sobretudo se era Inverno, que poderia ser-lhe fatal. No entanto, que eu saiba, nenhum desses animais morreu. Todas as noites, meu avô e minha avó iam buscar às pocilgas os três ou quatro bácoros mais fracos, limpavam-lhes as patas e deitavam- nos na sua própria cama. Aí dormiriam juntos, as mesmas mantas e os mesmos lençóis que cobririam os humanos cobririam também os animais, minha avó de um lado da cama, meu avô no outro, e, entre eles, três ou quatro bacorinhos que certamente julgariam estar no reino dos céus.
[...]

José Saramago em As pequenas Memórias

Ivan Rabuzin (1921 – 2008) Kljuc, Croatia

Árvore verde,  
Meu pensamento 
Em ti se perde. 
Ver é dormir 
Neste momento.

Fernando Pessoa 










O velho professor:: Wislawa Szymborska

Perguntei-lhe sobre aquele tempo quando éramos tão jovens, ingênuos, impetuosos, despreparados. Um pouco disso restou, menos a juventude -- ...