28 de out. de 2010

Aldrago, árvore nativa do Brasil

Aldrago  Família: Leguminosae Nome Científico: Pterocarpus violaceus
Conhecida também como folha-larga, pau-sangue, sangueiro, dragociana e pau-vidro, devido à sua adaptação à insolação direta e à sua fácil multiplicação, é indispensável nos projetos de reflorestamento de áreas degradadas

Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Acre, pau-sangue e pau-sangue-casca-fina; em Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro, pau-sangue; no Amazonas, sangue-de-galo; em Minas Gerais, folha-miúda, pau-sangue e sangueiro; no Pará, mututi; em Rondônia, mututi-branco, e em Santa Catarina, sangueiro.
Nomes vulgares no exterior: na Bolívia, verdolago blanco. 
Etimologia: o nome genérico Pterocarpus vem do grego ptero (asa) e carpus (fruto), alusão ao fruto alado, levado pelo vento
Árvore de porte médio (fica entre 8 e 14 metros de altura), a aldrago tem tronco que varia de 30 a 50 centímetros de diâmetro. Suas folhas são compostas, de um verde-musgo brilhante.
Origem: Brasil.  Ocorrência Natural do Sul da Bahia, passando por Minas Gerais até o Paraná, essencialmente na floresta pluvial da encosta atlântica. Esta árvore, nativa do Brasil, normalmente só é vista no paisagismo urbano, onde tem ampla utilização.
A sua floração, linda (dá flores amarelas de um tom intenso), é muito fugaz. Em cerca de dois dias, toda a flor já desapareceu de cena. Mas a chance de vê-la na sua exuberância acontece com data marcada: de outubro a dezembro de cada ano.  Geralmente aos dois anos esta espécie atinge facilmente a altura de 2,5 metros.  
Fonte: "Árvores Brasileiras - Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil", de Harri Lorenzi.

17 de out. de 2010

Eu disse sem querer dizer: mãe, o mundo me dói, me dói pra valer.


Foi assim: de manhãzinha eu passeava dentro do pomar de D. Mariquinha. Peguei um maracujá, uma romã, ia pegando uns araçás quando senti aquela água na cara, jogada por D. Mariquinha. Xinguei assim: ô velha fedida, avarenta. Ia enxugar a cara. Um vento bateu. Fiquei parado no vento. Olhei tudo querendo ser sempre menino, querendo sempre ter um maracujá, uma romã, a vontade de alguns araçás, e água na cara e vento. Grande que eu era de pé, e alguma coisa me estufou o peito, alguma coisa me encheu a boca e eu gritei. OOOOOOOOIAAAAAAAAI e outra vez bem comprido OOOOOOOOOOOOOOOOOIAAAAAAAAAAAAAAAAAI. E a mãe veio correndo, os irmãos também, a velha muito assustada, os cachorros também, as galinhas pretas pequenininhas, a mula veio que veio depressa e todos me rodearam e a mãe falou sem respirar: oquefoimeninooquefoi? E aí eu disse sem querer dizer: mãe, o mundo me dói, me dói pra valer.
HILST, Hilda. Fluxo-floema. São Paulo: Globo, 2003. p.38-39.

14 de out. de 2010

Homens


Os homens estão atados entre si por cordas, e isso já fica ruim quando as cordas afrouxam em torno de alguém e este cai um pouco mais baixo que os outros no vazio, mas quando as cordas arrebentam e aquele cai mesmo, é horrível. É por isso que devemos segurar-nos uns aos outros. Kafka 

11 de out. de 2010

Bonito demais


Não quero a meia-luz, não quero a cara bem feita, não quero o expressivo. Quero o inexpressivo. Quero o inumano dentro da pessoa; não, não é perigoso, pois de qualquer modo a pessoa é humana, não é preciso lutar por isso: querer ser humano me soa bonito demais. 
Clarice Lispector In: A Paixão segundo GH




                                 Foto: Cartier Bresson 

10 de out. de 2010

Ir-se


Magritte 


Cada vez que te vayas de vos misma
no olvides que te espero
en tres o cuatro puntos cardinales
siempre habrá un sitio dondequiera
con un montón de bienvenidas
todas te reconocen desde lejos
y aprontan una fiesta tan discreta
sin cantos sin fulgor sin tamboriles
que sólo vos sabrás que es para vos
cada vez que te vayas de vos misma
procura que tu vida no se rompa
y tu otro vos no sufra el abandono
y por favor no olvides que te espero
con este corazón recién comprado
en la feria mejor de los domingos
cada vez que te vayas de vos misma
no destruyas la vía de regreso
volver es una forma de encontrarse
y así verás que allí también te espero.


Mario Benedetti

4 de out. de 2010

O céu sobre Berlim






No filme de Wenders, com versos de Handke, os anjos fingem estar fartos de um tempo infinito.
Sonham com os pequenos tempos de sentar-se à mesa a jogar cartas. Ser cumprimentado na rua, nem que seja com um aceno. Ter febre. Ficar com os dedos sujos de ler o jornal. Entusiasmar-me com uma refeição ou com a curva de uma nuca. Mentir com habilidade. Ao andar sentir a ossatura mexer-se a cada passo. Supor, em vez de saber sempre tudo. Cá em baixo, os humanos não suspeitam da beleza do peso, que os segura à terra e fingem
o futuro em cada minuto, para deixar de dizer agora, agora, agora..."

Inês Lourenço, "A Enganadora Respiração da Manhã"

3 de out. de 2010

O olho e o coração



“Em qualquer coisa que faça, deve existir uma relação entre o olho e o coração. 
Com o olho que está fechado, olha-se para dentro,
 com o outro que está aberto, olha-se para fora.
Cartier-Bresson