Sandro Botticelli, detalhe de Primavera, c. 1481
O que se perde, ao sacrificar a singularidade a favor da beleza-padrão, é o que qualquer poeta chamaria de – “graça”. Nessas marcas singulares do sujeito reside o “não-sei-o-quê que faz a confusão”, como no samba de Ari Barroso. Mas quem aposta na graça? Quem se arrisca a manter sua diferença em uma sociedade em que a subjetividade pode ser adquirida em série, como uma mercadoria a mais?
O perfeito controle do corpo não acrescenta nada ao saber erótico. Quem ainda entende de erotismo não são os cientistas da saúde, nem os escravos performáticos da sedução. São os poetas.
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