Quando nasci eu era roxa.
Não sei se havia anjos
mas respirei fundo,
recebi minha missão.
Falta de ar conheço bem,
me ensinou a espera.
Falta de amor graças a Deus não tive muita,
no ter e não ter fui me fazendo.
Tão sempre a falta.
Apesar das pernas das moças,
despeito o cheiro bom dos moços,
desejo, de contínuo se escapa.
Meu nome quer dizer abelha –
aquela que sempre trabalha.
Desde o tempo que a memória alcança
amanheço e entardeço no cuidado.
Parece dom, mas é sina mineral
buscar o que advém e é profundeza;
separar pedra e entulho, encontrar beleza
oculta na vastidão do sofrimento.
Quero traçar de novo o meu destino,
peço licença pra mudar de lavra.
De agora em diante, carrego a bateia
para lidar no garimpo das palavras.
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