7 de jun. de 2012

Alma serena de Fernanda de Castro

Cartier-Bresson

Alma serena, a consciência pura, 
assim eu quero a vida que me resta. 
Saudade não é dor nem amargura, 
dilui-se ao longe a derradeira festa. 

Não me tentam as rotas da aventura, 
agora sei que a minha estrada é esta: 
difícil de subir, áspera e dura, 
mas branca a urze, de oiro puro a giesta. 

Assim meu canto fácil de entender, 
como chuva a cair, planta a nascer, 
como raiz na terra, água corrente. 

Tão fácil o difícil verso obscuro! 
Eu não canto, porém, atrás dum muro, 
eu canto ao sol e para toda a gente. 

in "Ronda das Horas Lentas"

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