14 de jun. de 2012

Modinha do Empregado de Banco de Murilo Mendes

Beijo Querubim de Rogério Fernandes 

Eu sou triste como um prático de farmácia,
sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher
mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.
Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.

Quantas meninas pela vida afora!

E eu alinhando no papel as fortunas dos outros. 
Se eu tivesse estes contos punha a andar 
a roda da imaginação nos caminhos do mundo. 
E os fregueses do Banco 
que não fazem nada com estes contos! 
Chocam outros contos para não fazerem nada com eles. 

Também se o diretor tivesse a minha imaginação

o Banco já não existiria mais

e eu estaria noutro lugar.

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