16 de ago. de 2012

À maneira de Szymborska de Berta Piñan


Chegados a este ponto
talvez tudo devesse ser mais simples,
a palavra lua não deveria nomear nada mais
do que a lua,
e os rios deveriam seguir até ao seu destino
sem serem alterados
pelas metáforas.
Talvez a palavra solidão não devesse
significar outra coisa além da ausência
de acontecimentos
e a palavra silêncio pudesse servir só
para calar os ruídos.

Com a língua talvez tudo devesse ser

mais simples, sem voltas

nem requebros, deixando-nos
com duas ou três questões
para seguir em frente:
um porquê, algum não sei.
E, depois, fechar a porta
que, neste caso,
deveria significar unicamente
fechá-la.


(Versão a partir do original asturiano e da tradução castelhana da autora reproduzidos em Toma de tierra - poetas  en lengua asturiana: antología (1975-2010); selecção de José Luis Argüelles, Trea, Gijón, p. 445).

Nenhum comentário:

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...