30 de nov. de 2012

Testamento de Fabrício Carpinejar


Peço um favor
no testamento.
Não admito passar frio
depois de morto.
Se não há teu corpo,
que seja a terra.
Se não há terra,
podes me cobrir com pedras.

In Como no céu

Margaridas



A espécie designada por Chrysanthemum leucanthemum ou Leucanthemum vulgare, designada pelos termos populares, pouco precisos, bem-me-quer, bonina, margarida, margarita, margarita-maior,malmequer-maior, malmequer-bravo ou olho-de-boi, é uma planta herbácea e perene, originária daEuropa. Seu ciclo vital dura mais de um ano. É da família das compostas, a mesma do crisântemo, da dália e do girassol.
Do cruzamento da espécie com outras, Chrysanthemum latifolium e Chrysanthemum maximum, por exemplo, derivam variedades que se cultivam em todo o mundo.
A parte da margarida designada como flor, em alguns casos tem diâmetro superior a dez centímetros. Na verdade a margarida é uma inflorescência chamada capítulo, as marginais (pétalas) são brancas que abrigam as flores femininas, o disco central (amarelo) é composto de diminutas flores hermafroditas amarelas.
A propagação é feita por sementes ou pela divisão das touceiras. A altura média é de sessenta centímetros. Na divisão, feita em geral em agosto, a cada três anos, desprezam-se as partes velhas e lenhosas e plantam-se as ramificações novas e já dotadas de raízes.
Todas as margaridas devem ser plantadas ao sol, em solo argilo-arenoso rico em matérias orgânicas.
fonte: Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

29 de nov. de 2012

Íris, Flor-de-lis, Íris-barbado










A poesia foi para mim um divã - Carlos Drummond de Andrade

De fato, a poesia exerceu sobre mim um papel bastante salubre ou tonificante, procurando, sem que eu percebesse, clarear os aspectos sombrios da minha mente.

Tive uma infância bastante confusa e triste, e uma mocidade tumultuada. Sentia necessidade de expandir-me sem que soubesse como. A conversa com os amigos não bastava porque, talvez, eles não entendessem bem os meus problemas. Eram questões que vinham, digamos, de gerações anteriores, de casamentos de tios com sobrinhas, de primos com primas, tudo isso se acumulando na mente, criando problemas de adaptação ao meio, de dúvida, de perplexidade.

Então comecei a fazer versos sem saber fazê-los, por um movimento automático. Foi uma tendência natural do espírito e senti que, pouco a pouco, ia aliviando a carga de problemas que eu tinha. Como se vomitasse. Nesse sentido, a poesia foi para mim um divã.

Publicado originalmente em: Folha de S. Paulo, caderno Ilustríssima, em 08 de julho de 2012.

28 de nov. de 2012

A MULHER DO ELEVADOR de Carlos Drummond de Andrade




A que ficou lá longe, na grande cidade...


A que eu vi apenas um minuto, um minuto somente,
no elevador que subia.


Com que saudade inédita eu me lembro
da que não foi nem uma sombra, uma sombra fugaz,
no meu destino.


Da que ficou, sorrindo, com um pouco de mim,
com um pouco do meu ser anônimo e vulgar,
a milhares de quilômetros, na grande cidade...


poema inédito de Drummond escrito na juventude. 
Fonte: Revista Bravo nº 178, junho de 2012

Azulejo




A palavra em si, azulejo, tem origem no árabe azzelij (ou al zuleycha, al zuléija, al zulaiju, al zulaco) que significa pequena pedra polida e era usada para designar o mosaico bizantino do Próximo Oriente. É comum, no entanto, relacionar-se o termo com a palavra azul (termo persa لاژورد: lazhward, lápis-lazúli) dado grande parte da produção portuguesa de azulejo se caracterizar pelo emprego maioritário desta cor, mas a real origem da palavra é árabe.[1]
A utilização do azulejo pode-se observar já na antiguidade, no período do Antigo Egito e na região da Mesopotâmia, alastrando-se por um amplo território com a expansão islâmica pelo norte de África e Europa (zona do Mediterrâneo), penetrando na Península Ibérica no século XIV por mãos mouras que levam consigo a origem do termo actual. O oriente islâmico impulsiona qualitativamente a produção de revestimentos parietais pelo contacto com a porcelana chinesa que, pela rota da seda, surge em vários centros artísticos do próximo oriente. Durante a permanência islâmica na Península Ibérica a produção do azulejo cria bases próprias em Espanha através de artesãos muçulmanos e desenvolve-se a técnica mudéjar entre o século XII e meados do século XVI em oficinas de Málaga, Valência (Manises, Paterna) e Talavera de la Reina, sendo o maior centro o de Sevilha (Triana). Na viragem do século XV para o século XVI o azulejo atinge Portugal, um país já com uma longa experiência em produção de cerâmica. Inicialmente importado de Espanha o azulejo é, mais tarde, empregue como resultado de manufactura própria, não só no território nacional, mas também em parte do antigo império de onde absorve simultaneamente uma grande influência (Brasil, África, Índia).
Com as suas respectivas variantes estéticas o azulejo vai ser utilizado em outros países europeus como os Países Baixos, a Itália e mesmo a Inglaterra, mas em nenhum outro acaba por assumir a posição de destaque no universo artístico nacional, a abrangência de aplicação e a quantidade de produção atingidas em Portugal.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Azulejo

O Sapo - Débora Siqueira Bueno


Aos pés da Serra do Sapo
um lugar perdido,
por assim dizer, nenhum,
traz o mesmo nome:
Sapo.
Nem gastou poesia
para o batizado –
o batráquio feio,
córrego qualquer
é o seu padrinho.

De lá se avista a serra,
dita do Sapo,
crivada de estacas
que vão, buliçosas,
sondar seu interno.
Lá havia ouro,
diziam escravos,
mas braços miúdos
de força pequena
não foram buscá-lo.

Aos pés da Serra do Sapo
a pequena vila,
de tão pobre,
quase dói.
O gado esquálido pasta
a grama murcha e seca
no entorno da capela,
que a Companhia
prometeu cobrir
com novo telhado.

São andaimes toscos
nos quais se equilibram
homens murchos, secos,
que vão consertando
a capela onde
nem sabem se um dia
poderão rezar.
Se estarão vivos
ou, não é bem certo,
capela haverá.

Na vila do Sapo,
novo movimento
levanta a poeira
vermelha e grudenta.
Logo toldará
o brilho prateado,
pois nessa beirada
perdida do mundo
inda existe quem
areie as panelas.

A Companhia promete
caminhão pipa
pra lavar as ruas,
assentar poeiras,
descansar os homens
da vista do pó,
descansar a vista
do que está por vir –
rês de matadouro,
não se olha o olho.

Ao lugar chamado
Sapo
foi determinada,
com muita discrição,
morte inexorável:
sua terra será levada.
Serra tão erma,
gente tão órfã,
poucos prantearão
sua agonia.

Lentamente será aberta
a redondez da montanha.
Feita a incisão,
interior exposto,
virão os abutres,
urubus enormes,
prontos pra comer
com voracidade
todo o conteúdo
daquela barriga.

Talvez mesmo a serra
cedesse, bom grado,
parte do seu ventre.
Não terá tal chance.
Separada em partes,
toda esquartejada,
os seus intestinos
virarão pedaços
que viajarão
pra esse mundão de Deus.

O Sapo e sua serra
aguardam
a execução da sentença.
Homens, bois, cães sonolentos,
senhoras, crianças, latas reluzentes –
todos irão embora.
Tomarão seu rumo,
buscarão a vida;
não cria raízes
chão que esfarinha.

Montanhas esvaeceram
qual fossem levadas
pela ação do tempo.
Mas assim morreram, de morte matada:
Serra da Pedra Grande, Serra do Curral,
Pico do Cauê.
Assiste-se agora
à morte anunciada:
a Serra do Sapo
tornará  buraco.

27 de nov. de 2012

Yuanyang, China - padrões abstratos em plantação de arroz















Não Sei Dançar de Manuel Bandeira

The Jazz Singer, Gil Mayers, 1997
Uns tomam etér, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probalidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.

Sim, já perdi, pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.

Uns tomam etér, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim a este baile de terça-feira gorda.
Mistura muito excelente de chás... Esta foi açafata...
- Não, foi arrumadeira.
E está dançando com o ex-prefeito municipal.
Tão Brasil!

De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil...
Há até a fração incipiente amarela
Na figua de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugêlê banzai!
A filha do usineiro de Campos
Olha com repugnância
Para a crioula imoral.
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros...
Mas ela não sabe...
Tão Brasil!

Ninguém se lembra da política...
Nem dos oito mil quilômetros de costa...
O algodão de Seridó é o melhor do mundo... Que me importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.
A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!

24 de nov. de 2012

Jambo




 


Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Myrtales
Família: Myrtaceae
Género: Syzygium
Espécie: Syzygium jambos
Origem: índia.
O jambo é o fruto do jambeiro (Syzygium jambos L.) das espécies do gênero Syzygium (também designado pelo termo jambo – sinônimo botânico) da família Myrtaceae, que inclui também a goiaba, a pitanga, o jamelão, a jabuticaba e o eucalipto. São frutos piriformes (em forma de pêra), com casca lisa e cerosa, rosada, esbranquiçada ou vermelha, polpa consistente e branca, e uma ou mais sementes de formato esférico no seu interior.
Há três espécies principais de Syzygium cujos frutos são conhecidos como jambo, todas nativas do continente asiático:
S. malaccense: Jambo-vermelho, com frutos vermelhos, adocicados e levemente ácidos;
S. jambos: Jambo-branco, com frutos esbranquiçados, de sabor fraco;
S. jambolana: Jambo-rosa, com frutos rosados, sabor semelhante ao jambo-vermelho. Também cultivado como árvore ornamental, pela profusão de flores com longos estames rosados.
Em algumas regiões, o jamelão, fruto pequeno e negro da Syzygium cumini, é conhecido em certos lugares como "jambo", ou "jambolão".
O jambo é uma boa fonte de ferro, proteínas e outros minerais. Os frutos apresentam 28,2% de umidade, 0,7% de proteína, 19,7% de carboidratos, contendo entre eles vitaminas como A (beta caroteno), B1 (tiamina), B2 (riboflavina), minerais como, ferro e fósforo. Em 100g de polpa, tem 50 calorias.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dizer-te de Ana Luísa Amaral

Dizer-te, meu amigo,
que, à uma da manhã
e desta noite,
está lindo o nevoeiro

que um manto de sossego
assim inteiro
eu desejava dar-te
- e ter comigo.

Enviava-te um frasco,
se pudesse,
fechado em carta azul,

ou por fax de sol
(não fora o medo que o sol
o desfizesse)

Assim, mando daqui
esta espessura
de cheiro muito branco
e muito belo:

um manto de ternura
dobrado num novelo,
que chegue
até aí.


23 de nov. de 2012

Labiata de Lenine


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
A sombra uma paisagem
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda 
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra ao meu favor
Às vezes eu pressinto
E é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa...

22 de nov. de 2012

Raoul Dufy













Raoul Dufy  (1877 - 1953) nascido em Le Havre, onde iniciou a formação artística como impressionista mas, sob a influência de Matisse, evoluiu gradativamente e se destacou como um dos expoentes do fauvismo. Ganhou uma bolsa para estudar na Escola Nacional de Belas-Artes, em Paris (1900) e, no ano seguinte, expôs a obra Fin de journée au Havre no salão dos independentes. Ao fim da primeira guerra mundial, após breve fase cubista, desenvolveu um estilo pessoal, tendo como temas preferidos as paisagens urbanas, regatas, marinhas e corridas de cavalo. Uma de suas obras mais divulgadas foi o enorme mural Histoire de l'életricité à travers les âges, exibido no pavilhão da eletricidade da exposição internacional de Paris (1937). Recebeu o prêmio de pintura da bienal de Veneza (1952) e morreu em Forcalquier, a 23 de março, um ano depois.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...