10 de abr. de 2013

Vaguedades de ROSALÍA DE CASTRO


Magritte

Bem sei que non hai nada
Novo en baixo do ceo, 
Que antes outros pensaron 
As cousas que ora eu penso. 
E bem, ¿para que escribo? 
E bem, porque así semos, 
Relox que repetimos 
Eternamente o mesmo. 

Tal como as nubes 
Que impele o vento, 
I agora asombran, i agora alegran 
Os espazos inmensos do ceo, 

Así as ideas 
Loucas que eu teño, 
As imaxes de múltiples formas, 
De estranas feituras, de cores incertos, 
Agora asombran, 
Agora acraran 
O fondo sin fondo do meu pensamento. 

...................... 

VAGUEDADES

Bem sei que não há nada de 
Novo sob o céu, 
Que antes outros pensaram 
As cousas que ora eu penso. 
Bem, para que escrevo? 
Bem, porque somos assim: 
Relógios que repetem 
Eternamente o mesmo. 

Tal como as nuvens 
Que impele o vento, 
E ora assombram, e ora alegram 
Os espaços imensos do céu, 
Assim as idéias 
Loucas qu´eu tenho, 
As imagens de múltiplas formas, 
D´estranhas feituras, de cores incertas, 
Ora assombram, 
Ora aclaram 
O fundo sem fundo do meu pensamento. 

Tradução de Andityas Soares de Moura

ROSALÍA DE CASTRO (1837-1885)  Natural da Galícia, Espanha, nasceu na cidade de Santiago de Compostela. Sua poesia inspira-se na lírica popular trovadoresca e foi escrita em galego e em castelhano. Considerada a figura mais importante da poesia galega do século XIX, publicou os livros Cantares Gallegos (1863) e Folhas Novas (1880), ambos escritos em galego, e En las Orillas del Sar (1884), este considerado os primeiros versos modernos em língua castelhana.  Sua poesia será relida e valorizada pela geração de 1898: Antonio Machado, Miguel de Unamuino, Juan Ramón Jiménez e, mais tarde, Federico García Lorca.

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