Louisa Matthiasdottir
“- Aqui tens estes sapatos de ferro, calça-os e caminha… Caminha sempre, sem descanso nem fadiga, vai sempre avante e nunca te detenhas, não pares nunca!… A estrada da vida tem trechos de céu e paisagens infernais; não te assuste a escuridão, nem te deslumbres com a claridade; nem um minuto sequer te detenhas à beira da estrada; deixa florir os malmequeres, deixa cantar os rouxinóis. Quer seja lisa, quer seja alcantilada a imensa estrada, caminha, caminha sempre! Não pares nunca! Um dia os sapatos hão-de romper-se, deter-te-ás então. É que terás encontrado, enfim, os olhos perturbadores e profundos, a boca embriagante e fatal que há-de prender-te para todo o sempre!”
Florbela Espanca, Contos e Diário, Leya.
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