14 de jan. de 2015

Viagem às Minas de Hélio Pellegrino

Walter Frederick Osborne

Cicatrizes. Matrizes. Hemoptises. O sol posto, 
no rosto lavrado. Escalavrado. A lavra lágrima 
decorre, colorada. O escropo cáustico, 
amarrado e amargo em punho cego, 
prossegue seu trabalho. Em vão me pego 
na vertente da areia que me sabe. Eu sou, tu és, 
o amplo oceano do céu é uma amplidão parada, 
o eterno 
roreja tempo na pedra. Ó tempo eterno 
da pedra, fundado e decifrado, 
mais que a barca de Pedro, pedra viva 
vivendo o seu silêncio — água múrmura. 
À luz da tarde 
verte seus ecos e mistérios, 
nas montanhas tamanhas. Arde a tarde, 
e a tarde arde. É tarde, é noite, é foice, é antemanhã. 
O arco-íris, 
suscitado em sua cova, ressuscita. Lua nova e sol posto 
nascem do mesmo estojo. Pojo. Bojo. Sangradouro 
de minérios domados. Esses gados.

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