9 de fev. de 2015

Canção III - Hilda Hilst

Giacomo Balla

A minha Casa é guardiã do meu corpo 
E protetora de todas minhas ardências. 
E transmuta em palavra 
Paixão e veemência 
E minha boca se faz fonte de prata 
Ainda que eu grite à Casa que só existo 
Para sorver a água da tua boca. 
A minha Casa, Dionísio, te lamenta 
E manda que eu te pergunte assim de frente: 
À uma mulher que canta ensolarada 
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?



Fonte:  Poesia: 1959-1979. Quíron; INL, 1980.

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