17 de abr. de 2015

Arpilleras da Resistência no Chile

















A Arpillera é uma técnica têxtil chilena que possui raízes numa antiga tradição popular iniciada por um grupo de bordadeiras de Isla Negra, localizada no litoral central chileno. Violeta Parra ajudou a difundir este trabalho artesanal, e expôs uma série de arpilleras no Pavilhão Marsan do Museu de Artes Decorativas do Louvre, em 1964, tendo achado nesta técnica “uma linguagem para poder transmitir histórias, sonhos e conceitos”.   A própria Violeta diz em entrevista “as arpilleras são como cancões que se pintam”.  A diferencia principal entre aquelas arpilleras e as que compõem esta mostra é que estas foram confeccionadas com retalhos e sobras de pano; – o bordado é só um accessório ao trabalho têxtil. Assim como as arpilleras originais que as inspiraram, estas foram montadas em suporte de aniagem, pano rústico proveniente de sacos de farinha ou batatas, geralmente fabricados em cânhamo ou linho grosso. Toda a costura é feita à mão, utilizando agulhas e fios.  Às vezes sao adicionados fios de la à mão e com crochê, para realçar os contornos das figuras. Normalmente o tamanho destas obras era determinado pela dimensão do saco. Uma vez consumido o seu conteúdo, ele rea lavado e cortado em seis partes, possibilitando assim que o mesmo número de mulheres bordasse a sua própria história, a de sua família e de sua comunidade. A tela de fundo se chama arpillera, dando o nome a essa expressão artística popular.
Como forma de registrar a vida cotidiana das comunidades e de afirmar sua identidade, as oficinas de arpilleras não somente representaram a expressão dessa realidade como também se transformaram em fonte de sobrevivência em tempos adversos. Muitas arpilleras fazem referência aos valores consolidados da comunidade e aos problemas políticos e sociais que enfrenta. Tornaram-se uma forma de comunicar ao mundo exterior, no país e fora dele, o que estava acontecendo, e ao mesmo tempo, uma forma de atividade cooperativa e fonte de renda.
Graças as arpilleras muitas mulheres chilenas puderam denunciar e enfrentar a ditadura desde fins de 1973. As arpilleras mostravam o que realmente estava acontecendo nas suas vidas, constituindo expressões de tenacidade e da força com que elas levavam adiante a luta pela verdade e pela justiça.

texto extraído do catálogo da exposiçao “Arpilleras da Resistencia Política Chilena”. Memorial da Resistência de Sao Paulo

a palavra "arpillera": pano, tecido feito de fibra, a base de estopa, como os sacos usados para embalar o trigo, o açúcar. Esta palavra vem do "ξηραμπελινος" Greek (xērampelinos) cor de folha seca das parreiras, do latim "xērampĕlĭnus", no francês "serpillière" e "sarpillera" aragonês.

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