4 de jul. de 2015

Quase de nada místico :: Ana Luísa Amaral

Joan Miro, 1925

Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,

e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar. E não é com certeza
relevante este brilhante aqui:

poeira de diamante que encontrei
pelo verso e por acaso, poema
muito breve e muito raso,
que (aproveitando) trago para ti.


                 de Às Vezes o Paraíso


Anos 90 e agora
Uma Antologia da Nova Poesia Portuguesa
edições quasi

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