11 de ago. de 2015

OS NOMES INÚTEIS :: MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA (Lisboa, 1959)

Mark Rothko 

Não  digas ao que vens. Deixa-me
adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. É longe a
tua casa? Dou-te a minha: leio nos

teus olhos o cansaço do dia que te
venceu; e, no teu rosto, as sombras
contam-me o rosto da viagem. Anda,

vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo — é um
destino sem dor e sem memória. Tens

sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja — morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens. Decido eu.

Nenhum Nome Depois.  Gótica, 2005.

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