30 de set. de 2015

Acácia-branca (Moringa oleifera )







Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Brassicales
Família: Moringaceae
Género: Moringa
Espécie: Moringa oleifera

Moringa oleifera (ou Moringa moringa, (L.) Millsp. e Moringa pterygosperma, Gaertner) é uma planta da família das oringáceas, mais conhecidas simplesmente por moringas, ainda que seja também vulgarmente designada como acácia-branca, árvore-rabanete-de-cavalo, cedro, moringueiro e quiabo-de-quina. Em Cabo Verde é conhecida como akásia-branka; em Timor, como morangue e na Índia como moxingo. É a espécie do seu género mais cultivada. As folhas e vagens são utilizadas na alimentação humana. A árvore em si não é muito robusta, mas desenvolve ramos que crescem até cerca de 10 m de comprimento. Sua principal riqueza está no altíssimo valor nutricional das suas folhas e frutos.

Cresce principalmente em áreas semi-áridas tropicais e subtropicais. Sendo o seu habitat preferencial o solo seco e arenoso, tolera solos pobres, como em áreas costeiras. Suas mudas são obtidas através de semeadura ou estaquia de ramos com mais de 20 cm. No cultivo em larga escala, seu tronco é submetido a podas regulares de forma que sua altura não ultrapasse cerca de um metro e meio, visando facilitar a colheita das folhas.

Seu crescimento é extremamente rápido, atingindo o porte arbóreo já nos primeiros meses após a semeadura. A produção de sementes se inicia no primeiro ano.

Aparentemente, é nativa dos sopés montanhosos meridionais dos Himalaias (Noroeste da Índia). Hoje, o seu cultivo estende-se a África, à América Central e América do Sul, Sri Lanka, Índia, México, Malásia e nas Filipinas.

Considerada como uma das árvores cultivadas mais úteis para o ser humano, praticamente todas as suas partes podem ser utilizadas para diversos fins. Nos trópicos, a sua folhagem é usada como forragem para animais. As suas sementes, oleosas, são utilizadas para a produção do óleo de Ben (ou Bem), usado em pintura artística. São cápsulas arredondadas e com três asas equidistantes. As folhas são bipinadas. As flores são amarelo-pálidas e relativamente grandes. A sua polinização é efetuada por pássaros e insetos. A madeira é usada na produção de papel e de fibras têxteis. As raízes são consideradas abortivas. Quando reproduzida através da técnica de estaquia, produz raízes capazes de conter a erosão dos solos.

A Moringa oleifera contêm mais de 92 nutrientes e 46 tipos de antioxidantes, além de 36 substâncias anti-inflamatórias e 18 aminoácidos, inclusive os 9 aminoácidos essenciais que não são fabricados pelo corpo humano. As folhas frescas contém nutrientes na seguinte proporção:

Sete vezes mais vitamina C que a laranja; dezassete vezes mais cálcio que o leite; dez vezes mais vitamina A que a cenoura; quinze vezes mais potássio que a banana; duas vezes mais proteína que o leite (cerca de 27% de proteína, equivalente à carne do boi); vinte e cinco vezes mais ferro que o espinafre; vitaminas presentes: A, B (tiamina, riboflavina, niacina), C, E, e beta caroteno. Minerais presentes: Cromo, Cobre, Fósforo, Ferro, Magnésio, Manganës, Potássio, Selênio e Zinco.

Referências bibliográficas
SOUSA, Edite, Moringa.  in: Enciclopédia Luso-Brasileira da Cultura, Edição Século XXI Volume XX. Braga: Editorial Verbo,  2001.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Lisboa; Temas e Debates; 2005.

El laberinto de la soledad :: Eucanaã Ferraz

Yuri viu que a Terra é azul e disse a Terra é azul.
Depois disso, ao ver que a folha era verde disse
a folha é verde, via que a água era transparente
e dizia a água é transparente via a chuva que caía
e dizia a chuva está caindo via que a noite surgia
e dizia lá vem a noite, por isso uns amigos diziam
que Yuri era só obviedades enquanto outros
atestavam que tolo se limitava a tautologias
e inimigos juravam que Yuri era um idiota
que se comovia mais que o esperado; chorava
nos museus, teatros, diante da televisão, alguém
varrendo a manhã, cafés vazios no fim da noite,
sacos de carvão; a neve caindo, dizia é branca
a neve e chorava; se estava triste, se alegre,
essa mágoa; mas ria se via um besouro dizia
um besouro e ria; vizinhos e cunhados decretaram:
o homem estava doido; mas sua mulher assegurava
que ele apenas voltara sentimental. O astronauta
lacrimoso sentia o peito tangido de amor total
ao ver as filhas brincando de passar anel
e de melancolia ao deparar com antigas fotos
de Klushino, não aquela dos livros, estufada
de pendões e medalhas, mas sua aldeia menina,
dos carpinteiros, das luas e lobisomens,
de seu tio Pavel, de sua mãe, do trem,
de seus primos, coisas assim, luvas velhas,
furadas, que servem somente para chorar.
Era constrangedor o modo como os olhos
de Yuri pareciam transpassarar parede,
nas reuniões de trabalho, nas solenidades,
nas discussões das metas para o próximo ano
e no instante seguinte podiam se encher de água
e os dentes ficavam quase azuis de um sorriso
inexplicável; um velho general, ironicamente
ou não, afirmara em relatório oficial que Yuri
Gagarin vinha sofrendo de uma ternura
devastadora; sabe se lá o que isso significava,
mas parecia que era exatamante isso, porque
o herói não voltou místico ou religioso, ficou
doce, e podia dizer eu amo você com a facilidade
de um pequeno-burguês, conforme sentença
do Partido a portas fechadas. Certo dia, contam,
caiu aos pés de Octavio Paz; descuidado tropeçara
de paixão pelas telas cubistas degeneradas de Picasso.
Médicos recomendaram vodka, férias, Marx,
barbitúricos; o pobre-diabo fez de tudo
para ser igual a todo mundo; mas,
quando aparecia apenas banal, logo dizia coisas
como a leveza é leve. Desde o início,
quiseram calá-lo; uma pena; Yuri voltou vivo
e não nos contou como é a morte.

Alison Jardine ( Yorkshire, Inglaterra)












29 de set. de 2015

Tempo Perdido : Renato Russo

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo

Todos os dias antes de dormir
Lembro e esqueço como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder

Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério, e selvagem
Selvagem, selvagem

Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus olhos
Castanhos

Então me abraça forte
E me diz mais uma vez que já estamos 
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes acesas agora
O que foi escondido é o que se escondeu
E o que foi prometido, ninguém prometeu

Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens
Tão jovens, tão jovens



28 de set. de 2015

MUSICA GREGA:: de Jorge Luis Borges


Enquanto dure esta música,

seremos dignos do amor de Helena de Tróia.

Enquanto dure esta música,

seremos dignos de haver morrido em Arbela.

Enquanto dure esta música,

acreditaremos no livre arbítrio,

essa ilusão de cada instante.

Enquanto dure esta música,

saberemos que a nave de Ulisses voltará a Ítaca.

Enquanto dure esta música,

seremos a palavra e a espada.

Enquanto dure esta música,

seremos dignos do cristal e do mogno,

da neve e do mármore.

Enquanto dure esta música,

seremos dignos das coisas comuns,

que não o são agora.

Enquanto dure esta música,

seremos a flecha no espaço.

Enquanto dure esta música,

acreditaremos na piedade do lobo

e na justiça dos justos .

Enquanto dure esta música,

mereceremos tua grande voz, Walt Whitman.

Enquanto dure esta música,

mereceremos ter visto, do alto de um cume,

a terra prometida.


tradução de  Ivan Junqueira. 

.................


Mientras dure esta música,

seremos dignos del amor de Helena de Troya.


Mientras dure esta música,

seremos dignos de haber muerto en Arbela.


Mientras dure esta música,

creeremos en el libre albedrío,

esa ilusión de cada instante.


Mientras dure esta música,

seremos la palabra y la espada.


Mientras dure esta música,

seremos dignos del cristal y de la caoba,

de la nieve y del mármol.


Mientras dure esta música,

seremos dignos de las cosas comunes,

que ahora no lo son.


Mientras dure esta música,

seremos en el aire la flecha.


Mientras dure esta música,

creeremos en la misericordia del lobo

y en la justicia de los justos.


Mientras dure esta música,

mereceremos tu gran voz Walt Whitman.


Mientras dure esta música,

mereceremos haber visto, desde una cumbre,

la tierra prometida.

Lorenzo Quinn (Roma, Itália 1966)











27 de set. de 2015

Dracena-vermelha, Coqueiro-de-vênus, Cordiline (Cordyline terminalis )







  • Cordyline é um gênero botânico pertencente à família Asparagaceae.
    A espécie Cordiline terminalis ocorre como subespontânea no Brasil, sendo originária das ilhas do pacífico. Em inglês, a espécie recebe a denominação de Ti-root, pois de suas raízes tostadas se faz um chá. A folhagem pode ser verde, purpúrea ou variegada com ambas estas cores. É citada sua ocorrencia no Brasil já na Flora Brasiliensis, de Martius (1876).
  • Reino: Plantae
    Divisão: Magnoliophyta
    Classe: Liliopsida
    Ordem: Asparagales
    Família: Asparagaceae
    Gênero: Cordyline
  • fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cordyline

26 de set. de 2015

Vozinha :: Patrick Holloway (Cork (Irlanda), em 1988. Vive em Porto Alegre (RS)

Teresa Lima 
Deveria existir um poema para minha vó
que não é minha vó,

Mas é a vó que eu herdei, deveria existir
um poema com ritmo e rima que

Reflete a musicalidade das
suas panelas, os batimentos

Das suas baterias. Deveria existir um poema
sobre uma guriazinha sem pais, com dias

Como páginas brancas; um poema sobre luto,
o desafio de perder tudo,

Duas vezes, casas caídas, dinheiro desfrutado
e três filhos para criar. Deveria existir

Um poema curto e divertido que fosse mostrado
antes do filme no cinema, então ela

Poderia o ler antes de dormir. Deveria existir
um poema sobre sua risada com olhos

Fechados até quando o assunto é morte. Deveria
existir um poema que mostrasse os pacotes

De felicidade que ela deixa embalados todos
os dias para nós. Deveria existir um poema

Para minha vovó.

25 de set. de 2015

Carambola (Averrhoa carambola)





Averrhoa carambola
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Oxalidales
Família: Oxalidaceae
Género: Averrhoa
Espécie: A. carambola
Nome binomial
Averrhoa carambola
A carambola é o fruto da caramboleira (Averrhoa carambola ), uma árvore ornamental de pequeno porte, da família das Oxalidaceae. Possui flores brancas e purpúreas. É largamente usada como planta de arborização de jardins e quintais. É originária da Índia, sendo muito conhecida na China.

"Carambola" é oriundo do francês carambole

De sabor agridoce, com coloração variando do verde ao amarelo, dependendo do grau de maturação, rica em sais minerais (cálcio, fósforo e ferro) e contendo vitaminas A, C e do complexo B, a carambola é considerada uma fruta febrífuga (que serve para combater a febre), antiescorbútica (que serve para curar a doença escorbuto - carência de vitamina C, e que se caracteriza pela tendência a hemorragias) e, devido à grande quantidade de ácido oxálico, estimulador do apetite. Seu suco pode ser usado para tirar manchas de ferro, de tintas e ainda limpar metais. Sua casca é utilizada como antidisentérico, por possuir alto teor de tanino - cujo poder adstringente pode prender o intestino.

É considerada uma fruta de quintal, pois seu cultivo não é feito em escala, sendo produzida essencialmente em sítios, quintais, granjas e pomares de fazendas. Começa a produzir frutos em torno de quatro anos de existência, dando em média duzentos frutos, podendo durar de cinquenta a setenta anos. A fruta parece uma estrela quando cortada e tem cinco gomos.

Pode ser consumida ao natural ou no preparo de geléias, caldas, sucos e conservas. Cortada em fatias e deixada no fogo brando com açúcar, fica quase da mesma consistência e sabor do doce de ameixa-preta. Na Índia e na China são bastante consumidas como sobremesa, assim como as flores e os frutos verdes, que são utilizados nas saladas.

Pessoas portadoras de insuficiência renal crônica não podem comer carambola, pois esta fruta possui uma toxina natural - a caramboxina - que não é filtrada pelos rins destas pessoas, ficando retida no organismo e atingindo o cérebro, podendo induzir crises de soluços, vômito, confusão mental, agitação psicomotora, convulsões prolongadas (estado de mal epiléptico), coma e levar inclusive, à morte. Portadores de diabetes devem consultar o médico antes de comer, pois podem sofrer de insuficiência renal e não saber. Pessoas sem problemas renais devem evitar o abuso no consumo da carambola. Isso porque seu teor de ácido oxálico pode eventualmente produzir cálculos renais em indivíduos mais sensíveis.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Às vezes, em sonho triste :: Fernando Pessoa

 Paul Klee, 1926

Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.
Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.
O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar.
Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.

21-11-1909
Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).  p. 15.

24 de set. de 2015

Valsinha :: Vinicius de Moraes - Chico Buarque


Um dia ele chegou tão diferente 
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente 
Do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto 
Era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, 
Pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como 
há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça
E começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

Tem de haver mais :: Arseny Alexandrovich Tarkovsky

Tem de haver mais
Agora o verão se foi
E poderia nunca ter vindo.
No sol está quente.
Mas tem de haver mais.
Tudo aconteceu,
Tudo caiu em minhas mãos
Como uma folha de cinco pontas,
Mas tem de haver mais.
Nada de mau se perdeu,
Nada de bom foi em vão,
Uma luz clara ilumina tudo,
Mas tem de haver mais.
A vida me recolheu
À segurança de suas asas,
Minha sorte nunca falhou,
Mas tem de haver mais.
Nem uma folha queimada,
Nem um graveto partido,
Claro como um vidro é o dia,
Mas tem de haver mais.

23 de set. de 2015

Dona Carmen :: Ana Estaregui (1987)


gosto de como ela organiza de maneira metódica os ímãs na porta da geladeira (feito pássaros em v no céu);
como coleciona, desde sempre, selos adesivos que vêm colados nos melões, mamões e maçãs; gruda tudo num batente de madeira;
guarda (todos) os araminhos que amarram o pão num potinho de vidro de ervilha;
almoça todos os dias rigorosamente às 12h;
mergulha o filãozinho no leite com café até o miolo inchar de leite com café;
cultiva mudas - arruda, alecrim, mini rosas - em caixinhas de leite longa vida;
só assiste televisão indiretamente: através do reflexo no espelho. dona carmen explica com a propriedade de um doutor: a imagem direta da tv faz mal pra vista;