Escreverás meu nome com todas as letras,
com todas as datas,
-- e não serei eu.
Repetirás o que ouviste,
o que leste de mim, e mostrarás meu retrato,
-- e nada disso serei eu.
Dirás coisas imaginárias,
invenções sutis, engenhosas teorias,
-- e continuarei ausente.
Somos uma difícil unidade,
de muitos instantes mínimos,
-- isso seria eu.
Mil fragmentos somos, em jogo misterioso,
aproximamo-nos e afastamo-nos, eternamente.
-- Como me poderão encontrar?
Novos e antigos todos os dias,
transparentes e opacos, segundo o giro da luz,
-- nós mesmos nos procuramos.
E por entre as circunstâncias fluímos,
leves e livres como a cascata pelas pedras.
-- Que mortal nos poderia prender?
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