Andre Kertesz, 1928
na quitinete de 45 metros
tenho todas as solidões
que envolvem poeiras e
buracos desocupados
roseira sem flor e rosas avulsas
ganhadas no dia da mulher
tem o filtro de barro que não enche
sozinho os copos
os lírios que nascem e morrem
cristalizados
em fotografias digitais
na velocidade do congelador
criar crostas brancas
e o teto refletir a rua em formas móveis
e geométricas
toda noite
toda noite tem as janelas
dos vizinhos classe média
tingindo o escuro com
as cores luz do plasma
e dos cristais líquidos
os garfos a mais
as facas a mais
as taças de vinho que esperam
os talheres que sobram
sou só eu, não preciso de mais
que um copo
um garfo
uma faca
um prato
e um horizonte entrecortado de prédios desbotados.
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