Van Gogh
Levantei-me e os meus dois olhos viram isto:
Não sabia quem era o homem,
o seu nome, ou a sua complicada história.
Era uma manhã toda de ouro,
e este homem marchou até ao poste eléctrico
como se caminhasse para uma fronteira,
e ali descalçou os sapatos,
e deixando-os para trás, como num limiar,
começou a andar descalço,
algures para além deste ponto final,
em direcção a um princípio sem fim, lá longe:
sem casa, ou cama, ou seio:
sem um pão ou um jarro de água…
leve e de mãos vazias.
Vi os seus ombros largos,
a sua alta estatura, os seus viris passos
indo embora, indo daqui para as suas distâncias,
sem a memória dos seus sapatos,
que esperam por ele.
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