21 de nov. de 2017

Escrevendo um currículo :: Wisława Szymborska

O que é preciso?

É preciso fazer um requerimento

e ao requerimento anexar um currículo.



O currículo tem que ser curto

mesmo que a vida seja longa.



Obrigatória a concisão e seleção dos fatos.

Trocam-se as paisagens pelos endereços

e a memória vacilante pelas datas imóveis.



De todos os amores basta o casamento,

e dos filhos só os nascidos.



Melhor quem te conhece do que o teu conhecido.

Viagens só se for para fora.

Associações a quê, mas sem por quê.

Distinções sem a razão.



Escreva como se nunca falasse consigo

e se mantivesse à distância.



Passe ao largo de cães, gatos e pássaros,

de trastes empoeirados, amigos e sonhos.



Antes o preço que o valor

e o título que o conteúdo.

Antes o número do sapato que aonde vai,

esse por quem você se passa.



Acrescente uma foto com a orelha de fora.

O que conta é o seu formato, não o que se ouve.

O que se ouve?

O matraquear das máquinas picotando o papel.



Tradução: Regina Przybycien


* * *

What must you do?

You must submit an application

and enclose a Curriculum Vitae.



Regardless of how long your life is,

the Curriculum Vitae should be short.



Be concise, select facts.

Change landscapes into addresses

and vague memories into fixed dates.



Of all your loves, mention only the marital,

and of the children, only those who were born.



It's more important who knows you

than whom you know.

Travels – only if abroad.

Affiliations – to what, not why.

Awards – but not for what.



Write as if you never talked with yourself,

as if you looked at yourself from afar.



Omit dogs, cats, and birds,

mementos, friends, dreams.



State price rather than value,

title rather than content.

Shoe size, not where one is going,

the one you are supposed to be.



Enclose a photo with one ear showing.

What counts is its shape, not what it hears.



What does it hear?

The clatter of machinery that shreds paper.



Translation: Graźyna Drabik and Austin Flint



* * *


Pisanie życiorysu



Co trzeba?

Trzeba napisać podanie,

a do podania dołączyć życiorys.



Bez względu na długość życia

życiorys powinien być krótki.



Obowiązuje zwięzłość i selekcja faktów.

Zamiana krajobrazów na adresy

i chwiejnych wspomnień w nieruchome daty.



Z wszystkich miłości starczy ślubna,

a z dzieci tylko urodzone.



Ważniejsze, kto cię zna, niż kogo znasz.

Podróże tylko jeśli zagraniczne.

Przynależność do czego, ale nie dlaczego.

Odznaczenia bez za co.



Pisz tak, jakbyś z sobą nigdy nie rozmawiał

i omijał z daleka.



Pomiń milczeniem psy, koty i ptaki,

pamiątkowe rupiecie, przyjaciół i sny.



Raczej cena niż wartość

i tytuł niż treść.

Raczej już numer butów, niż dokąd on idzie,

ten za kogo uchodzisz.



Do tego fotografia z odsłoniętym uchem.

Liczy się jego kształt, nie to, co słychać.

Co słychać?

Łomot maszyn, które mielą papier

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