em um certo país sob o sol
e algumas nuvens.
Deixam para trás um certo seu tudo
campos semeados, umas galinhas, cães,
espelhos nos quais agora se fita o fogo.
Trazem às costas trouxas e potes
quanto mais vazios tanto mais pesados a cada dia.
É no silêncio que alguém cai de exaustão
é no alarido que alguém rouba de alguém o pão
e o filho morto de alguém é sacudido.
À sua frente uma estrada sempre errada
uma ponte, mas não a que precisam
sobre um rio curiosamente rosado.
Ao redor uns disparos, ora mais perto, ora mais longe,
No alto um avião que rodopia.
Viria a calhar certa invisibilidade
uma cinzenta rochosidade
ou melhor ainda a inexistência
por um tempo breve ou longo.
Algo ainda vai acontecer, mas onde e o quê?
Alguém vai lhes barrar o caminho, mas quando, quem,
serão quantos e com que intenções.
Se tiver escolha,
talvez não queira ser inimigo
e os deixe com alguma vida.
Poemas de Wislawa Szymborska, tradução de Regina Przybycien. Companhia das Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário